“Acabo de assinar um decreto, que será publicado no domingo no diário oficial, proibindo a venda, porte ou transporte de fogos de artifício”, disse Borne em entrevista publicada ‘online’ pelo jornal Le Parisien.

“Só os profissionais que vão organizar os fogos de artifício nos municípios poderão comprá-los”, acrescentou a chefe do Governo.

Nos últimos dias, a polícia apreendeu vários carregamentos de fogos de artifício com destino duvidoso, o maior dos quais com 2,7 toneladas detetado perto de Rennes (noroeste).

Borne prometeu o envio de “meios em massa para proteger os franceses” na noite de 13 e no dia 14, já que reconheceu que há preocupação na população e nas autoridades locais com a possibilidade de novos distúrbios.

A primeira-ministra disse ter pedido às plataformas das redes sociais que atuem para travar a divulgação de material violento que possa incitar mais tumultos. “Mas é claro que não vamos privar os franceses da internet porque há violência”, acrescentou.

Os distúrbios, que duraram seis noites consecutivas, começaram depois de um jovem de 17 anos de origem argelina ter sido morto a tiro em 27 de junho por um polícia durante um controlo de trânsito na cidade de Nanterra, nos arredores de Paris, do qual fugiu por não ter habilitações para conduzir.

Borne lembrou que na pior noite de tumultos, na quinta-feira, havia entre 7.000 e 8.000 pessoas violentas nas ruas, entre os quase seis milhões de habitantes dos bairros sujeitos a políticas especiais devido ao alto índice de população desfavorecida.

A primeira-ministra voltou a acusar o líder do partido de esquerda e ex-candidato presidencial com cerca de 22% dos votos em 2022, Jean Luc Mélenchon, de irresponsabilidade por não condenar a violência.

“Quando dizem que alguns prédios não devem ser queimados, dão a entender que fazer o mesmo com outros não é grave”, acusou a governante, da mesma forma que criticou a extrema-direita de Marine Le Pen de procurar “bodes expiatórios, respostas fáceis” aos motins, numa referência às suas críticas à imigração.

Borne destacou que a resposta do Governo, com 3.700 detenções, um terço delas menores, e 585 comparências imediatas no tribunal e 450 prisões, mostram “uma resposta muito firme” do Estado.

Os tumultos em várias cidades francesas provocaram incêndios prédios, carros, edifícios da administração pública e esquadras, deixando igualmente dezenas de feridos entre manifestantes e polícias.

Apesar d proibida, hoje foi realizada uma concentração em Paris relacionada com a morte de Adama Traoré, jovem negro que morreu pouco depois de ser detido pelos ‘gendarmes’ [guardas militarizados] em julho de 2016.

Em Paris, segundo a agência France-Presse, mais de duas mil pessoas reuniram-se à tarde em memória do jovem e a sua irmã, Assa Traoré que se tornou numa figura na luta contra a violência policial, falou num banco na praça da República perante a assistência e vários eleitos do partido França Insubmissa e cercada por uma grande força policial.

Apesar de alguns momentos de tensão, os manifestantes acabaram por abandonar o local pacificamente.