As notas de protesto foram entregues pelo ministro das Relações Exteriores venezuelano, Jorge Arreaza, durante uma reunião, em Caracas, com os embaixadores da Alemanha, Daniel Briener, da França, Romain Nadal, e os chefes das missões de Espanha e Países Baixos, Juan Fernández Trigo e Robert Schuddeboom, respetivamente.

“Entregámos (…) uma nota de protesto firme porque temos informação, que não puderam negar, de que estes quatro governos atuaram com maior má intenção para fomentar novos ataques, como estas medidas coercitivas, as sanções” contra a Venezuela, disse o ministro à televisão estatal.

Arreaza disse ainda que entregou aos quatro diplomatas cópias da Constituição da República Bolivariana da Venezuela e a Carta das Nações Unidas, “obséquios necessários”.

“Um embaixador, um diplomata, deve conhecer com perfeição tanto a Carta das Nações Unidas como a Constituição do país onde exerce, onde foram acreditados, no entanto parece que não é assim”, justificou.

Segundo Arreaza, os diplomatas “insistiram que a expulsão” da embaixadora da UE “não ajuda” e “dissemos-lhes que o que não ajuda são as decisões que a União Europeia tomou”.

O Governo venezuelano notificou hoje a embaixadora da União Europeia, a portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa, de que foi declarada ‘persona non grata’ e deverá abandonar o país nas próximas 72 horas.

A expulsão da diplomata tem lugar depois de a UE adicionar 19 pessoas à lista de sanções contra personalidades do Governo venezuelano, uma decisão que Caracas diz ser “errática” e atribui ao “fracasso dos planos intervencionistas” europeus.

Nas suas declarações, Arreaza disse estar esperançado que os quatro diplomatas “transmitam aos seus Governos a reflexão” para que foram convidados, de forma a “reavaliar e voltar ao respeito pela Constituição da Venezuela, pela Carta das Nações Unidas e pelas convenções internacionais sobre relações diplomáticas”.

O ministro sublinhou ainda que “caso contrário”, as autoridades de Caracas ver-se-ão de novo “obrigadas, pelas circunstâncias, a continuar a defender o povo venezuelano, a independência e a tomar decisões”.

“Não queríamos ter que dizer adeus em português, porque a senhora (Isabel) Brilhante é portuguesa de origem”, referiu ainda Jorge Arreaza, que disse ainda a palavra adeus em outros idiomas.

O chefe da diplomacia venezuelana insistiu que o seu país exige respeito pela sua soberania e que a UE não pode, “com uma atitude colonialista indicar que se a Venezuela fizer isto faremos aquilo”.

“Se querem reconstruir pontes com a Venezuela, sabem que o Governo bolivariano e o Estado venezuelano sempre estenderão os braços e as mãos para que efetivamente possamos fazê-lo, mas exigimos respeito pela nossa Constituição, pelas nossas leis e pelas leis internacionais, caso contrário será impossível”, vincou.

A decisão de expulsar a embaixadora da União Europeia, prende-se com as eleições legislativas que tiveram lugar em dezembro de 2020 na Venezuela e que os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE se recusaram a reconhecer como “credíveis, inclusivas e transparentes”.

Esta é a segunda vez que a Venezuela declara a diplomata portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa, como ‘persona non grata’.

Em 29 de maio de 2020, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou a sua expulsão, dando-lhe 72 horas para abandonar o país, depois de Bruxelas ter sancionado mais 11 funcionários de Caracas.

A 02 de julho, Nicolás Maduro saudou um acordo entre Bruxelas e Caracas para suspender a expulsão da diplomata e instou a UE a mudar a relação com o país sul-americano.