“Estou aqui para apoiar o Acordo de Salvação, pois temos que buscar alternativas para sair desta situação que nos oprime há mais de duas décadas”, explicou uma manifestante à Agência Lusa, na Praça Brión de Chacaíto, leste de Caracas.

Maibely Camacho, comerciante, sublinhou: “Estamos buscando o mecanismo para sair disto, mas lembre-se de que isso não é uma democracia”.

“Todas as alternativas que procuramos têm sido democráticas, porque somos um povo democrático, mas lamentavelmente o regime nos silencia dia a dia e hoje passamos longas horas em filas para conseguir gasolina, estamos sem eletricidade, sem gás, que é tão necessário, e s em água. Imagine-se nesta pandemia e o povo está sem água”, disse.

Recusando a fazer previsões sobre o futuro do país explicou que “gostava de ser ‘pitonisa’ [vidente] de muitos bons augúrios”.

“Eu realmente quero que o meu país seja livre, produtivo, que atenda todas as nossas necessidades. Oxalá assim seja”, frisou.

Por outro lado, Jasmim Quiróz, professora de música, participou na concentração para reivindicar o seu direito a um salário que lhe permita viver dignamente e porque acredita que o país está a ir pelo caminho político errado.

“Atualmente estou trabalhando [como professora] particularmente, porque o salário de um professor não chega aqui na Venezuela e não desejamos que nenhum país vote pelo Partido Comunista, porque um partido comunista o que traz é fome e miséria. A democracia é o melhor para que os países viverem em paz e felicidade”, disse.

Jasmin Quiróz questiona a democracia do Governo venezuelano e diz que “eles podem dizer que são democratas, mas nós é que marcamos a diferença, que estamos lutando e continuaremos lutando, até que este governo caia, porque foi quem nos destruiu”.

“Você vai para minha casa e vê que a comida não é suficiente, que todos os aparelhos (elétricos) se avariaram e não podemos comprar nada porque o salário de um professor é de dois dólares (1,70 euros). Um povo não pode viver assim, continuaremos lutando até o último suspiro daremos para afastar este governo que não tem feito nada pelo povo”, disse.

Sobre o futuro do país, “visualiza” que daqui a uns anos será bom, porque os profissionais têm estado trabalhando, fazendo planos para que o país progrida, “e temos um projeto para a Venezuela em que tudo será abundante em todas as áreas, na arquitetura, na engenharia, no petróleo, na agricultura”.

Gladys Ramírez, técnico superior em “marketing”, foi à concentração para apoiar o Acordo de Salvação Nacional, “pela liberdade do país, que haja eleições livres”.

“Isso é o que se está contemplando nesse Acordo, e para que todos tenhamos vacinas, sem discriminação”, disse.

O Acordo de Salvação Nacional, proposto pelo líder opositor Juan Guaidó, prevê uma negociação entre o Governo do Presidente Nicolás Maduro, a comunidade internacional, e a oposição, “para salvar a Venezuela”.

Esse acordo, segundo a oposição contempla a calendarização de eleições presidenciais, parlamentares, regionais e municipais, livres e justas, com observação e apoio internacional.

Também a entrada maciça, no país, de ajuda humanitária e vacinas contra a covid-19, garantias para todos os atores políticos, a libertação de todos os presos políticos, o regresso dos asilados e justiça transicional.

A crise política, económica e social venezuelana agravou-se desde janeiro de 2019, quando o então presidente do parlamento, Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas na Venezuela.