Em declarações aos jornalistas na sede do partido, em Lisboa, André Ventura foi questionado sobre o facto de o primeiro-ministro ter proposto ao Presidente da República o nome de Mário Centeno, seu antigo ministro das Finanças, para liderar um novo executivo, evitando eleições legislativas antecipadas.

“Um erro absoluto”, afirmou, acrescentando que “mostra que na verdade Mário Centeno nunca foi um técnico independente, foi sempre alguém ligado à máquina socialista”.

Na opinião de Ventura, Centeno foi “um erro para o Banco de Portugal”.

O líder do Chega adiantou igualmente que o partido está “a ponderar muito seriamente chamar Mário Centeno ao parlamento” para “dar explicações sobre as ligações ao PS”, caso ainda seja possível, dado o novo calendário parlamentar na sequência da convocação de eleições para 10 de março.

Questionado também sobre o ministro das Infraestruturas, arguido no âmbito do caso que levou à demissão do primeiro-ministro, o presidente do Chega considerou que “é evidente” que João Galamba deveria demitir-se ou ser demitido.

André Ventura considerou também que constitui “um desprestigio” o ministro estar esta tarde no parlamento em audição no âmbito do Orçamento do Estado para 2024.

O primeiro-ministro defendeu na quinta-feira que o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, deveria suceder-lhe na liderança de um novo executivo.

Segundo António Costa, o país “não merecia ser de novo chamado a eleições” e “devia aproveitar a estabilidade que existe, mudando o primeiro-ministro, mudar também o Governo, dando-lhe nova energia, alma, e Mário Centeno tinha todas as qualidades para o poder fazer”.

Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro, na terça-feira.

António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.

De acordo com o Ministério Público (MP), podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.

O MP considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus, responsável pelo centro de dados, de acordo com a indiciação, que contém várias outras referências a António Costa. No dia da demissão, Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável”.