O balanço da progressão da praga que mata os castanheiros foi feito hoje por Albino Bento, diretor do Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos, no arranque do simpósio internacional da castanha, a decorrer durante três dias no Instituto Politécnico de Bragança.

Estas instituições estão envolvidas no combate biológico à praga, tendo sido feitas as primeiras largadas de um parasitóide, o Torymus Sinensis, na primavera, concretamente 52 largadas em Vinhais e seis em Bragança.

Nessa ocasião, a vespa tinha sido detetada em 180 soutos do concelho de Vinhais, um número que subiu para 500, depois da conclusão do levantamento neste concelho, segundo Albino Bento.

O responsável prevê que no próximo ano sejam feitas muitas mais largadas, entre 180 a 200, em Vinhais, e 20 ou 30 em Bragança.

“As largadas vão ter de acompanhar a praga, consoante vai invadindo novos soutos”, indicou, antevendo que serão necessárias “nos próximos anos largos” novas ações do género para se instalar o parasitóide, um outro inseto que mata a vespa.

Albino Bento lembrou que, em Itália, onde a vespa dizimou a produção de castanha, foram necessários “sete anos” para controlar a praga.

Os resultados das largadas já realizadas estão a animar os investigadores que observaram que o parasitóide se estabeleceu nos locais onde se realizaram as ações, o que significa que ali não será necessário repetir e o inseto irá reproduzir-se naturalmente.

“Num primeiro ano após as largadas, aquilo que se obtém basicamente é presença. Gradualmente, em cinco, seis, sete anos, o parasitóide vai-se estabelecendo”, explicou.

Albino Bento é também investigador nesta área e deixa um alerta aos produtores no sentido de evitarem práticas que afetem este trabalho.

Segundo indicou, em sítios onde são feitas as largadas, os agricultores não podem destruir as galhas. Podem fazer poda, mas não levar mais do que os ramos grossos para fora dos soutos.

Não devem também lavrar antes do final de abril, porque uma parte importante dos parasitóides estão nas folhas, que caem ao solo, e se a terra for lavrada, enterram as folhas e podem impedir o desenvolvimento do inseto que combate a praga.

Não devem ainda aplicar pesticidas no período antes de abril até meados de junho, para não matarem o parasitóide.