Segundo a análise dos vestígios encontrados na caverna Bacho Kiro, no norte da Bulgária, a presença no continente europeu do Homo sapiens - também chamado de homem moderno - remonta a 45.000 anos, de acordo com os dois artigos publicados nas revistas Nature e Nature Ecology & Evolution.

"Trata-se do período da primeira chegada do Homo Sapiens ao território europeu do Médio Oriente e a sua convivência com os neandertais, que durou entre 5.000 e 10.000 anos", disse à AFP Nikolay Sirakov, um dos responsáveis pelas escavações e professor do Instituto de Arqueologia da Academia de Ciências da Bulgária.

"A ciência estimava que esses eventos ocorreram durante um período de 38.000 e 42.000 anos. A partir disso mostramos que eles ocorreram um pouco antes", acrescentou.

Os vestígios encontrados na caverna de Bacho Kiro "são a versão europeia mais antiga conhecida, demonstrando a presença do Homo sapiens no período Paleolítico Superior. Os homens modernos, surgidos há cerca de 45.000 anos, foram aos poucos substituindo os neandertais", explica um comunicado publicado pelo College de France, instituição à qual pertencem dois professores da equipa internacional que trabalhou nessa escavação.

O período de transição entre as populações Neandertal e Homo sapiens continua a ser questionado pelos cientistas, mas esta investigação fornece novas informações.

Uma primeira datação a partir de vestígios com carbono 14 sugere um intervalo entre 46.940 e 43.650 anos. Um segundo, no qual foi usado um método baseado na análise do DNA mitocondrial extraído dos ossos, fornece estimativas que variam de 44.830 a 42.616 anos, segundo o College de France.

"Esses resultados mostram que os humanos modernos espalharam-se pelas latitudes médias da Eurásia há mais de 45.000 anos e ocuparam os territórios dos neandertais, por isso exerceram uma influência sobre o comportamento desses antes de substituí-los", ressalta a instituição francesa.

A caverna Bacho Kiro, conhecida desde a década de 1930 e usada para o turismo, tem recebido novas escavações desde 2015.