Duas mulheres são violadas a cada minuto no Brasil, mas apenas 8,5% dos casos são comunicados à polícia, de acordo com o Ipea, instituto gerido pelo Estado brasileiro.

Os adolescentes de 13 anos são as principais vítimas de violação, enquanto na maioria dos casos os autores são os namorados ou ex-parceiros da vítima, membros da família, amigos ou conhecidos, de acordo com o estudo, que se baseia em relatórios recolhidos pelo Ministério da Saúde.

Outro estudo divulgado hoje mostrou que todas as formas de violência contra as mulheres registaram um “forte aumento” no ano passado no Brasil, especialmente as relacionadas com agressões físicas e ameaças com facas e armas de fogo.

Quase 30% das mulheres afirmaram terem sido vítimas de algum tipo de violência ou agressão nos últimos 12 meses, o que representa cerca de 18,6 milhões de mulheres com mais de 16 anos, segundo dados de um inquérito realizado a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Infrações verbais (23,1%), perseguição (13,5%) e ameaças (12,4%) foram as formas de violência mais citadas pelas inquiridas.

“É de notar que estamos perante um aumento acentuado de formas graves de violência, que podem levar à morte de mulheres, tais como o aumento de episódios de perseguição, agressões tais como bofetadas, socos e pontapés, ameaças com uma faca ou arma de fogo e espancamentos”, lê-se no estudo, citado pela agência espanhola Efe.

As ameaças perpetradas com uma faca ou arma de fogo aumentaram 5,1% em comparação com o estudo realizado em 2021, enquanto o número de espancamentos e tentativas de estrangulamento cresceu 5,4%.

De acordo com o estudo, as mulheres negras (65,5%) sofreram mais do dobro da violência que as mulheres brancas (29%) no ano passado.

Em termos de faixa etária, 30,3% dos casos foram relatados por aquelas com idades compreendidas entre os 16-24 anos, seguidas pelas de 25-34 anos (22,8% dos casos).

As mulheres mais jovens sofreram mais abusos verbais, enquanto as mulheres com 45-59 anos sofreram os níveis mais elevados de violência, tais como espancamentos (8,2%), ameaças com faca ou arma de fogo (8,7%) e esfaqueamento ou tiroteio (4,5%).

Os dados também mostram que as agressões físicas e espancamentos são muito mais frequentes entre as inquiridas com rendimentos até dois salários mínimos (cerca de 500 euros).

As mulheres separadas e divorciadas foram o principal alvo de agressões (41,3%), em comparação com as mulheres casadas (17%), viúvas (24,6%) e mulheres solteiras (37,3%).

Em todos os casos, a maioria das agressões (53,8%) tiveram lugar em casa e foram principalmente causadas por parceiros ou ex-parceiros.

De acordo com o estudo, quase metade das vítimas relataram não ter feito nada depois de terem sofrido um grave episódio de violência e apenas 14% das inquiridas relataram o crime numa esquadra da polícia.