Amina Mohammed afirmou que “a mesma história de horrores” tem sido contada por mulheres 'yazidi' que foram capturadas por extremistas do Estado Islâmico (EI) no Iraque, meninas que fugiram do Boko Haram, mulheres somalis libertadas do grupo extremista Al-Shabab e mulheres que viveram sob o controlo de militantes ligados à rede terrorista Al-Qaida, no norte do Mali.

Estes grupos extremistas “estão obscenamente a incentivar o recrutamento de rapazes com a promessa de esposas e escravas sexuais”, disse ao Conselho de Segurança da ONU.

“Estão escandalosamente a estimular os lucros através da venda, troca e tráfico de mulheres e meninas”, denunciou.

Mohamed afirmou que há uma mudança gradual em relação ao passado, quando violar uma mulher, homem ou criança num conflito era “livre de custos”, para uma situação de alguma responsabilização a nível internacional e nacional “para quem cometa, comande ou tolere tais crimes”.

A responsável sublinhou que a desigualdade e a discriminação contra as mulheres estão na raiz da violência sexual nos conflitos e têm de ser abordadas para conseguir alguma mudança.

“Todas as nossas palavras, leis e resoluções não vão significar absolutamente nada se as violações ficarem por punir na prática, e se falharmos no nosso dever sagrado de cuidar dos sobreviventes”, declarou.

Adama Dieng, enviado especial interino da ONU para a violência sexual em conflitos, disse que a violência sexual é também “um instrumento de desumanização e vergonha” e “uma arma para punir e perseguir”.

Dieng apontou para “novas dimensões deste flagelo”, incluindo o uso de mulheres e meninas escravizadas sexualmente como escudos humanos e bombistas suicidas.

Elas são por vezes usadas como “moeda” para compensar os combatentes, “como se as mulheres fossem ‘recursos descartáveis’ na máquina do terrorismo”, disse.

Dieng afirmou que o estigma que as vítimas de violência sexual em conflitos enfrentam após a libertação pode ser tão mau ou pior do que a provação que suportaram.

Tanto Mohammed como Dieng pediram que o estigma da violência sexual seja redirecionado da vítima para o criminoso.

Os sobreviventes de violência sexual devem ser reconhecidos como “vítimas legítimas de conflito e terrorismo que têm direito a apoio, indemnizações e igualdade perante a lei”, disse Dieng.

O responsável lembrou que nenhum militante do EI foi julgado por crimes sexuais contra 'yazidis' ou em qualquer lugar do mundo. E disse que a “impunidade generalizada” mantém-se no Sudão do Sul, onde a violência sexual “reflete as falhas na mais ampla crise política e étnica”.

Na República Democrática do Congo, o Governo processou mais de 400 membros das forças armadas desde 2013 por crimes sexuais, mas nenhum autor de crimes foi julgado e nenhum sobrevivente compensado nos sete anos desde a violação de 387 civis em Walikale, salientou Dieng.

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