O antigo governante, e atual quadro do Fundo Monetário Internacional (FMI), fez chegar à comissão de inquérito à gestão da CGD desde o ano 2000 respostas escritas às várias perguntas dos grupos parlamentares, texto a que a agência Lusa teve acesso.

Numa das perguntas, Gaspar - antigo ministro do executivo PSD/CDS-PP - é interrogado sobre as avaliações da 'troika' (Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu) e alertas para a CGD, e responde: "Não tenho memória de que alertas específicos sobre a CGD tenham sido mencionados em reuniões em que eu tenha participado".

Depois, o ex-governante é instado a comentar se discutiu com as instituições internacionais as necessidades de capital da CGD em 2012, com Gaspar a declarar ter "quase a certeza" que não o fez diretamente.

"A minha equipa certamente que sim. Em qualquer caso vale a pena clarificar que os interlocutores mais importantes para a determinação dos montantes de reforço de capital eram: o Banco de Portugal, a CGD e a DG-COMP", da Comissão Europeia, advoga.

Vítor Gaspar é perentório ao dizer não concordar com a ideia de que a recapitalização de 2012, de 1.650 milhões de euros, fosse curta: "Não concordo! Em síntese, não obstante os constrangimentos impostos pelas regras europeias em matéria de ajudas de Estado, foi possível incluir uma margem de segurança de cerca de 350 milhões de euros", defende.

E prossegue: "A minha preocupação no processo de preparação das operações de reforço de capital de bancos portugueses, operadas em 2012, era a de procurar que fossem atempadas, credíveis, e definitivas. Enquadravam-se num conjunto mais vasto de iniciativas dedicadas a facilitar o regresso do país ao financiamento externo".

A comissão de inquérito à CGD está hoje a ouvir o antigo presidente do Conselho de Administração do banco Álvaro José Barrigas do Nascimento.

Os trabalhos da comissão de inquérito que hoje ouve Álvaro Nascimento debruçam-se sobre a gestão da CGD desde o ano 2000 - nomeadamente a concessão de créditos - e sobre os motivos que estão na origem da necessidade de recapitalização do banco público.

Atualmente, está em funcionamento uma outra comissão de inquérito onde se pretende esclarecer, no prazo de quatro meses, a atuação do atual Governo na nomeação e demissão da anterior administração do banco público, liderada por António Domingues.

[Notícia atualizada às 19:26]