A campanha de Ciro, que vai disputar o Palácio do Planalto pela quarta vez, adotou o lema “vote em um e livre-se dos dois”, numa referência a Lula e a Bolsonaro.

No seu discurso, perante milhares de militantes do PDT, Ciro Gomes deu o tom da sua campanha e foi duro com o “autoritarismo” ‘bolsonarista’ e a “corrupção” que marcou a administração de Lula entre 2002 e 2010.

Bolsonaro, que procura a reeleição, “usa a mão pesada da repressão e das ameaças, cria mentiras e insinua uma intervenção armada contra o nosso povo” e “é um ser que causou a morte de centenas de milhares de brasileiros na pandemia” de covid-19 disse Gomes.

Contudo, argumentou que a ascensão ao poder da extrema-direita foi também “um efeito, uma consequência” dos catorze anos no poder do Partido dos Trabalhadores (PT), primeiro sob Lula e depois sob Dilma Rousseff.

“Lulismo realizou o monumental trabalho de dar à luz Bolsonaro”, disse o líder trabalhista, que acusou o antigo sindicalista de ser “cúmplice de uma escola de Governo corrupta que levou o Brasil a esta tragédia predita”.

Bolsonaro e Lula “disputam quem é mais fascista ou mais comunista”, mas “fazem parte do mesmo modelo social, que oferece esmolas aos mais pobres e banquetes aos mais ricos”, disse Gomes.

Após a proclamação de Gomes, o PDT tem agora de escolher quem irá completar o bilhete como candidato à vice-presidência.

A intenção inicial, de acordo com o presidente do partido, Carlos Lupi, é fazer uma aliança com outra força, a fim de reforçar a candidatura de Gomes.

Aos 64 anos de idade, com mais de quatro décadas na política, Gomes foi presidente da câmara, governador, ministro e deputado, e em 2022 enfrenta a sua quarta candidatura presidencial, depois de ter aspirado ao poder em 1998, 2002 e 2018.

Nas suas três tentativas anteriores, obteve uma média de 11% dos votos, longe dos 45% que o favorito Lula e os 30% que Bolsonaro detém.

O PDT inaugurou um ciclo de convenções que os partidos devem realizar, de acordo com a lei eleitoral brasileira, para confirmar os seus candidatos e que continuará esta quinta-feira, quando o PT, que tem Lula como porta-estandarte, fará o mesmo.

O Partido Liberal (PL), liderado pelo Presidente Bolsonaro, anunciou a sua convenção para o próximo domingo num ginásio no Rio de Janeiro, o seu local de nascimento.