A acusação foi feita pelo deputado Hugo Soares no período de declarações políticas, na Assembleia da República, a menos de três horas de terminar o prazo dado pelo PSD e CDS para PS, PCP e BE de inverterem a decisão de não analisar as comunicações trocadas entre o ministro das Finanças e o ex-presidente do banco público António Domingues.

Hugo Soares disse que PS, PCP e BE “desprestigiam a Assembleia da República” e põem “em causa o normal funcionamento das instituições”.

“É um boicote à democracia”, afirmou o deputado, acusando os três partidos que apoiam o Governo de serem “um rolo compressor” e de impedirem “a informação a que os portugueses têm direito”.

Já no período de perguntas e respostas, o deputado social-democrata perguntou ao ausente ministro Mário Centeno se tinha “o topete” de desmentir as notícias sobre os sms trocados com Domingues em que alegadamente sabia da pretensão do presidente da Caixa para ficar isento da entrega das declarações de património ao Tribunal Constitucional.

Antes, o deputado social-democrata fez três perguntas: “Porque precisa a CGD de 5 mil milhões de euros? Qual a dimensão da mentira do doutor Mário Centeno? Qual o envolvimento do primeiro-ministro?”

No período de debate, com mais ou menos veemência, PS, PCP e BE acusaram, em coro, o PSD e o CDS de querem “destruir” a Caixa e “destruir a solução política que os afastou do poder”, como disse o líder parlamentar comunista, João Oliveira.

O objetivo dos partidos da direita, segundo João Oliveira, é usar a Caixa para tentarem “o regresso ao poder”.

PSD e CDS, acrescentou, “não olham a meios, não olham às consequências neste folhetim de vale tudo”, disse.

João Paulo Correia, do PS, acusou os partidos que apoiaram o Governo de Passos Coelho de usarem da “baixa política para destruir a Caixa” e de terem ignorado os alertas que existiam, há anos, sobre a situação do banco público.

Já Moisés Ferreira, do Bloco de Esquerda, questionou o PSD sobre uma frase de uma ex-ministra das Finanças social-democrata, Manuela Ferreira Leite, que disse não saber se os sociais-democratas querem “dar cabo da Caixa” ou se querem “dificultar a sua capitalização”.