Se calhar não se lembra do nome dele. Talvez só se lembre da cara ou do remate. Ou talvez só se lembre de Ricardo, de mãos despidas, a defender o pénalti com que Portugal eliminou Inglaterra nos quartos-de-final do Campeonato da Europa de 2004. Mas ele estava lá, foi homem que falhou o pénalti: Darius Vassel.

Vassel não era um fora de série, mas era um ponta-de-lança de carreira sólida em Inglaterra. Aquando do Europeu, representava o Aston Villa, mas duas épocas depois deixava Birmingham para se mudar para Manchester onde passou a equipar de azul e a representar o City. Após quatro épocas enquanto citizen, onde em 123 jogos só conseguiu marcar 21 golos, Darius Vassel arriscou uma experiência no estrangeiro, na Turquia. Foi a única vez que o antigo internacional inglês representou uma equipa fora de terras de Sua Majestade, e pelo que conta na sua biografia — "The Road to Persia" —, da qual o jornal The Guardian publicou um excerto -, a experiência terá sido marcante, no mínimo.

Em solo turco, Vassel representou o Ankaragücü, clube de Ankara, modesto no palmarés, mas com adeptos e com uma cultura de vitória como qualquer outro grande clube da Turquia. Mas a história que o inglês conta é outra. É a história de um clube crente em superstições estranhas, ou, no mínimo, distantes da cultura ocidental.

Na sua biografia, escrita pelo próprio e pelo diretor de comunicações da Oporto Sports, Dean Eldredge, Vassel conta que um dia o plantel estavam a sair para um jogo fora quando toda a equipa parou e se juntou junto ao estádio do clube para sacrificar uma cabra.

“Viajámos para um jogo fora de casa e parámos fora do nosso estádio para sacrificar uma cabra antes do encontro. Só estavam lá os jogadores e membros do staff. Senti que a cabra estava a olhar para mim momentos antes de morrer (e) na altura disse, numa publicação no meu blog, que naquele momento percebi que era definitivamente um amante dos animais”, conta Vassel na sua biografia.

Após o sacrifício, o ex-jogador da seleção inglesa conta que alguns jogadores passaram com o sangue do animal nas chuteiras para dar sorte para o jogo. Já Vassel relata que apenas assistiu a toda a situação, quieto no seu lugar, uma vez que percebeu que aquilo fazia parte da cultura deles e que não queria desrespeitá-los. “Não me pediram para participar, mas os jogadores certificaram-se de que eu estava bem no final, o que foi muito respeitoso, até porque não era necessário. Eles não faziam ideia de que a minha família na Jamaica acharia isso bastante normal, também. Simplesmente mudei o álbum do meu iPod de Tupac para Bob Marley e fui preparar-me para o encontro”, continuou Vassel.

A época, apesar de um início promissor com um golo em cada um dos primeiros jogos, acabou por ser fracassada, com Vassel a marcar apenas 4 golos em 25 jogos, ou seja, depois das primeiras duas jornadas só marcaria mais dois golos na restante época. Voltaria no ano seguinte para Inglaterra para representar o Leicester City, clube onde ficaria até pendurar as botas.

Porque o seu tempo é precioso.

Subscreva a newsletter do SAPO 24.

Porque as notícias não escolhem hora.

Ative as notificações do SAPO 24.

Saiba sempre do que se fala.

Siga o SAPO 24 nas redes sociais. Use a #SAPO24 nas suas publicações.