A Honorável Companhia de Golfistas de Edimburgo, em Muirfield, aprovou esta terça-feira, 14 de março, a possibilidade de admitir mulheres como sócias nos seus greens pela primeira vez desde a sua fundação, há quase três séculos.

Henry Fairweather, presidente do clube, anunciou que a decisão foi aprovada com o apoio de 80,2% dos sócios (498 votos a favor e 123 contra). "É uma decisão importante para um clube fundado em 1744 e que mantém a maioria dos valores e aspirações dos seus membros fundadores", afirmou.

O clube que albergou o British Open em 16 ocasiões perdeu essa possibilidade quando a R&A (The Royal and Ancient Golf Club of St. Andrews), o órgão que tutela o golfe a nível mundial, com exceção dos Estados Unidos e México, determinou que Muirfield não poderia ser cenário do grande torneio britânico, o mais antigo da história, se não houvesse uma mudança.

Em 2016, uma primeira votação tentou inverter o rumo dos acontecimentos, mas a proposta não recebeu o apoio de dois terços dos sócios, necessário para a mudança de estatuto.

Na altura, a decisão foi severamente criticada por vários políticos do Reino Unido. Nicola Sturgeon, primeira-ministra escocesa, classificou a decisão que saiu da votação como “errada e indefensável”. O primeiro-ministro britânico, à época, David Cameron, dizia que, para ele, os clubes desportivos “deveriam ser totalmente abertos a ambos os sexos”, apelidando os estatutos do clube de Muirfield de “ultrapassados”.

O período de campanha para esta segunda votação foi marcada por momentos polémicos. Foram colocadas em circulação mensagens e cartas entre os membros do clube onde era dito que as mulheres iriam tornar o jogo "mais lento" e onde se defendia que o facto de os estatutos do clube se manterem intactos desde a sua fundação era uma herança de que Muirfield se deveria orgulhar.

Palavras que, à luz do passado, parecem não fazer jus à história uma vez que os arquivos do clube mostram que as mulheres jogam em Muirfield desde 1904, apesar de não lhes ser permitido tornarem-se sócias de pleno direito.

Agora Fairweather diz aguardar "com impaciência a entrada de mulheres como sócias para que desfrutem e beneficiem das grandes tradições e do espírito cordial deste admirável clube".

Uma notícia que Sturgeon recebeu de bom grado. “Muito bem, Muirfield - a decisão de permitir a admissão de mulheres como membros é empática e correta. Espero ver-vos a receber o Open no futuro”, disse a primeira-ministra escocesa.

No entanto, o mais provável é que ainda esta década não haja nenhuma mulher como sócia do clube a pisar os greens em Muirfield. O The Herald conta, citando o presidente do clube, que a lista de espera para que um sócio seja admitido, seja ele homem ou mulher, pode ir de “seis a sete anos”. Apesar disso, Fairweather diz que o processo pode ser acelerado para que dure entre “dois a três anos”.

Muirfield de regresso ao British Open

Agora a R&A, pela voz do seu presidente executivo, Martin Slumbers, já admitiu que “à luz da recente decisão" pode "confirmar que Muirfield voltará a ser palco do British Open”. Algo importante, uma vez que se trata de um campo cuja história se cruza com o passado do próprio Open, e que deverá acontecer em 2022, sublinhou Slumbers.

Este é o exemplo mais recente de um clube de golfe que aboliu a política de ‘gentlemans only’, mas nos últimos anos foram vários os clubes que o fizeram, nomeadamente o Augusta National Golf Club, com mais de 80 anos, e o Royal and Ancient Golf Club, com mais de dois séculos e meio de existência, e que é anfitrião do Britsh Open.

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