As opiniões dividem-se. Há quem diga que num Clássico não há favoritos, há quem atribua o favoritismo à equipa da casa; e ainda há aqueles que proclamam que a equipa que chega em pior posição ao embate é aquela que ganha.

Na jornada que antecedeu o Clássico, a 'sensação’ foi de desilusão e a ‘besta’ foi bestial. O FC Porto empatou na Vila das Aves, a uma bola, e deixou as costas — a liderança — à mercê dos seus rivais diretos, SL Benfica e Sporting. Os leões jogam às 18h15 de sexta-feira, no dia 1 dezembro. Duas horas e quinze minutos depois do apito inicial em Alvalade, cerca das 20h30, a bola começa a rolar no Dragão com os anfitriões a receberem as águias.

A equipa de Sérgio Conceição está no topo e ocupa, isolado, o trono do campeonato desde a 7.ª jornada. Um empate é o suficiente para se manter na liderança, mas uma derrota perante os atuais tetracampeões pode ditar uma reviravolta no topo da tabela da liga — uma eventual derrota do FC Porto daria o primeiro lugar ao Sporting CP, caso os leões vencessem o seu dérbi com o Belenenes; caso os comandados de Jorge Jesus não vençam, SL Benfica e FC Porto terminariam empatados na primeira posição da tabela.

FC Porto: restaurar a independência no topo da tabela

Os azuis e brancos entram em campo com um intuito de vincar um ponto: o empate com o Desportivo das Aves não passou de um acidente de percurso. E vão fazer questão de o provar, mexendo-se no tabuleiro de forma a anular as hipóteses dos adversários e continuar como líderes isolados do campeonato.

"É muito importantes ganhar três pontos a um adversário direto. Costuma-se dizer que estes confrontos valem seis pontos e eu concordo. O que não acredito é que seja decisivo para o desfecho do campeonato", rematou Conceição na conferência de imprensa de antevisão do Clássico.

No entanto, rejeita que as estatísticas ditem vantagens ou desvantagens antes de se pisar o relvado. Na sua opinião, "cada jogo tem a sua história", afirmando que não gosta "muito de olhar para os dados históricos e estatísticas". Porém, ainda que assim seja, algumas estatísticas sugerem que parte em desvantagem. Nos confrontos com o SL Benfica, enquanto treinador, o técnico conimbricense ganhou apenas por duas ocasiões, ambas enquanto estava à frente do Sporting de Braga, em 10 encontros.

Num frente-a-frente com Rui Vitória, a história não é melhor. Em 9 jogos, Conceição apenas derrotou o atual treinador dos encarnados numa ocasião, num encontro a contar para a 4ª eliminatória da Taça de Portugal, em 2014. Curiosidade? Estavam igualmente à frente de dois rivais: Vitória nos conquistadores de Guimarães e Conceição nos guerreiros de Braga. Disputado no Afonso Henriques, o encontro terminou 2-1, a favor dos visitantes. Vai outra curiosidade? Esta reside nos marcadores dos golos. Ora, recorde: Rafa Silva (agora a jogar na Luz e orientado por Rui Vitória), aos 39', e Pardo, aos 41,' marcaram para o Braga; André André (agora no FC Porto e orientado por Conceição) para a equipa da Cidade-Berço.

Mas se por um lado é verdade que os duelos ‘mano a mano’ não favorecem o timoneiro azul e branco, por outro, os números que o próprio está a construir durante temporada no Porto são todos de uma outra outra conversa. É que a sua equipa tem o melhor ataque dos últimos 30 anos do campeonato português, mas também a melhor defesa das principais ligas europeias. E talvez sejam estes os números verdadeiros a ter em conta nesta jornada, os números que definem a reconquista do caráter e ADN Porto que Conceição recuperou esta época para a Invicta.

Para derrotar o campeão em título, os dragões não devem fugir muito ao que tem sido o onze habitual:

SL Benfica: fazer ‘check’ ao líder

Depois da eliminação, definitiva, das provas europeias, o SL Benfica passou de ‘besta’ a bestial ao ter recebido e goleado o Vitória de Setúbal por 6-0. A vitória sobre o Vitória alinhada com o tropeção dos dragões deu outra luz ao Clássico: caso os encarnados conquistem os três pontos no Dragão as contas do topo da tabela podem mudar completamente.

Para um clube que a par do domínio nacional tem, lá fora, revitalizado a imagem europeia — duas finais da Liga Europa, nesta década, e duas passagens consecutivas para lá da fase de grupos na Liga dos Campeões —, a fraca prestação ‘fora de portas’ desta temporada obriga a que as águias voltem as atenções para dentro e a centrar-se na luta pelo três títulos possíveis: Liga, Taça de Portugal e Taça da Liga. O Clássico de sexta-feira pode ser um passo importante para dar um primeiro volte face.

O jogo do passado domingo trouxe mais do queum bálsamo após a ressaca europeia. Para além do fraco desempenho fora de portas, o futebol praticado pelos encarnados também tem sido alvo de críticas por, em contraste com o do Porto (marcado por uma forte dinâmica ofensiva mas que não descura o setor mais recuado), ser mais frágil e sem uma ideia de jogo bem definida. O jogo de domingo, contudo, mostrou que um 4-3-3 — mais distante do modelo de jogo herdado de Jorge Jesus — pode resultar, com Jonas na sozinho na frente.

Tal como Conceição, Rui Vitória descartou favoritismos.

"É um clássico, qualquer equipa pode ganhar e as duas vão querer ganhar. Há uma ambição muito grande e vamos com grande ambição. Queremos ir ao Porto ganhar como o FC Porto nos quer ganhar. Não há favoritos porque são duas grandes equipas", assegurou o técnico encarnado na conferência de antevisão do jogo.

Os números das deslocações ao reduto do Dragão não são famosos, nem para a equipa, nem para o treinador. Em 83 visitas para o campeonato, o Benfica apenas conquistou 13 vitórias, a última das quais há 3 anos. Já Rui Vitória tem um registo ainda mais negativo: nunca foi capaz de bater o FC Porto, em 17 jogos disputados, por qualquer um dos clubes em que passou.

"Não me custa admitir que o FC Porto, por ter estado em primeiro lugar até agora, fez mais pontos. Isto é um campeonato, ainda faltam muitos pontos [por disputar]", disse, rejeitando ver este FC Porto mais forte do que na última época: "O FC Porto é sempre uma equipa difícil, sempre com belíssimos jogadores. Tem sido eficaz em todas as ações e é uma equipa que se torna difícil".

Este é o onze provável das águias para o assalto à liderança:

Leão vai estar à espreita

O jogo grande acontece no Dragão, mas convém não esquecer que o Sporting poderá beneficiar de uma vitória encarnada para chegar ao topo e assumir a liderança. Caso leve de vencida o Belenenses no Estádio de Alvalade, e mais tarde o Benfica saia com os três pontos do reduto dos azuis e brancos, quem fica em 1.º lugar no campeonato são mesmo os 'leões'.

Porém, o treinador do Sporting esclareceu ontem que não importa pensar no clássico entre FC Porto e Benfica se não vencer o Belenenses, na 13.ª jornada da I Liga de futebol, mas enalteceu a importância de ‘roubar' pontos aos rivais.

"O que interessa é o nosso jogo. Temos que vencer o Belenenses, esse é nosso foco e depois podemos beneficiar de resultados de terceiros. O que importa fazer contas se não vencermos? Depois o que acontecer é positivo, não podem ganhar os dois", começou por referir Jorge Jesus, em conferência de imprensa.

Em jornada de clássico entre águias e dragões, o técnico leonino acredita que "o momento das duas equipas" não terá influência no desfecho da partida e lembrou que normalmente "a equipa que não está tão bem acaba por vencer".

FC Porto e SL Benfica vão disputar o segundo Clássico da época no Dragão, num jogo que pode fazer dar reviravolta no topo da tabela do campeonato. No SAPO24, vai disputar-se com humor de marido e mulher à mistura e poderá acompanhar todas as incidências em direto.