Jonas Gonçalves, ponta de lança do SL Benfica, chegou este ano a uma marca histórica no clube, ultrapassando os 100 golos de águia ao peito. A época do artilheiro tem contrastado com a dos encarnados. Aos 33 anos o avançado bateu o recorde de Eusébio - já marca há 10 jornadas consecutivas - e é o melhor marcador da Liga NOS com 15 golos. Então porque é que está, à partida, afastado da corrida ao troféu que coroa o goleador máximo de todas as ligas europeias?

Primeiro há que explicar como é que a Bota de Ouro é atribuída: consoante a classificação de um campeonato no ranking da UEFA é atribuído um número de pontos por casa golo marcado, sendo que o máximo pode ser 2 pontos. O sistema entrou em vigor a partir da temporada 1996/97 para evitar que os atletas das ligas menos competitivas, onde teoricamente é mais fácil marcar mais golos, estivessem em vantagem sobre os jogadores dos campeonatos mais difíceis.

Na época transata a posição portuguesa neste ranking valia isso mesmo: 2 pontos por cada vez que um jogador fizesse abanar as redes da baliza adversária. Foi esse coeficiente, superior ao de ligas como a francesa, russa ou ucraniana que permitiu a que assistíssemos a jogadores como Bas Dost ou Jonas na corrida a este troféu, intrometendo-se entre nomes como Cristiano Ronaldo, Messi e Luis Suárez.

Mas esta temporada o coeficiente do campeonato português caiu para 1.5 (após Portugal ter caído da 5ª para a 7ª posição do ranking), em contrabalanço com o francês que subiu para 2.0. Ou seja, de acordo com o top 15 atual da Bota de Ouro, Jonas (13º lugar) tem mais golos marcados que Dybala, Messi, Falcao ou Lewandowski, mas menos pontos somados que qualquer um destes craques, somando apenas 22.5 pontos.

Em França nascem candidatos

créditos: MIGUEL MEDINA / AFP

Um coeficiente abaixo dos 2 pontos deita por terra a esperança de um jogador de determinada liga poder alcançar o troféu. Que o diga Edison Cavani que na época transata marcou 35 golos, mais do que Messi, vencedor da Bota de Ouro 2016/17, e que ficou apenas em 9º lugar na disputa pelo troféu.

Este ano o uruguaio lidera a corrida ao prémio - com 16 golos e 32 pontos -, sendo que a nova posição do país gaulês no ranking abre alas a que outros goleadores como Falcao, Mbappé ou Neymar possam surgir também bem colocados para dar o prémio a um clube francês pela primeira vez em mais de 45 anos (o último foi o croata Joško Skoblar, do Marselha, em 1970/71).