O All Star deste ano já está nos livros, a ressaca do Jimmy Butler já deve ter passado e os nossos ouvidos já estão (quase) recuperados do hino da Fergie. Altura então de nos debruçarmos sobre aquilo que se segue. Cumprida que está a primeira metade da temporada, é hora de olharmos para algumas das coisas a manter debaixo de olho nesta segunda metade e levantarmos algumas das questões que pululam na mente de muitos fãs. Estas são algumas das perguntas que queremos e vamos ver respondidas entre hoje e Junho:

Será que os Houston Rockets conseguem terminar com o melhor recorde da liga?


Será que a equipa com o ataque mais prolífico de sempre vai conseguir algo que parecia impossível em Setembro e terminar a temporada regular à frente dos Golden State Warriors? 
Os Rockets estão a marcar pontos a um ritmo inédito e têm, neste momento, o melhor rating ofensivo (número de pontos marcados por cada 100 posses de bola) da história da NBA.

Já aqui falámos da revolução ofensiva que os Rockets estão a liderar, mas, a isso, juntam também uma boa defesa. James Harden e Mike D’Antoni podem não ser conhecidos pelos feitos nesse lado do campo, mas a verdade é que neste momento a formação texana tem a oitava melhor defesa da prova. Um ataque e uma defesa no Top 10 costuma dar troféus. 
Para já, o objectivo é conquistar vantagem-casa num possível (provável?) duelo com os Warriors. Será que conseguem? E será que isso é suficiente para derrotar os de Oakland?

Será que James Harden vai ser o MVP?

Para esta arriscamos resposta: se os Rockets terminarem em primeiro, claro que sim. Se não terminarem, provavelmente, também sim. Harden teria de fazer uma segunda metade muito má para perder a vantagem que leva. Se continuar ao nível da primeira, o prémio vai ser dele.

Será que os Golden State Warriors revalidam o título?


Esta é outra forma de fazer a pergunta que dá título do artigo (mas não tinha a mesma piada, não é?). Porque os Houston Rockets podem ser o maior obstáculo exterior à revalidação do título, mas o maior obstáculo de todos são os próprios Warriors, que esta temporada têm sido mais beligerantes, mais indisciplinados e têm perdido a cabeça mais vezes do que seria de esperar da equipa campeã e principal favorito ao título deste ano.

Steve Kerr já falou várias vezes sobre o desafio que é manter o foco e combater o cansaço mental de sucessivas campanhas longas nos playoffs. O recente episódio, que tanta celeuma causou a alguns, em que deixou os jogadores fazerem o papel de treinador durante um jogo, foi uma tentativa disso mesmo. Uma tentativa de variar o quotidiano do plantel e manter os jogadores motivados e focados. Porque a maior ameaça ao repeat dos Warriors é a cabeça dos mesmos. Será que aguenta até Junho? Ou, dito de outra forma, será que Draymond não dá um pontapé a alguém até lá?

Será que os Toronto Raptors terminam em primeiro do Este? E será que isso importa?

A formação canadiana lidera a conferência com um recorde de 41 vitórias e 16 derrotas. E se podemos argumentar que beneficiaram das atribulações dos Cavaliers e do azar dos Celtics para estar nessa posição, a verdade é que estão a jogar o melhor basquetebol que já jogaram sob o comando de Dwayne Casey, para além de estarem com apenas mais duas derrotas que os Warriors e mais três que os líderes Rockets.

Por isso, independentemente das circunstâncias dos seus rivais de conferência, os Raptors estão nesta posição por (muito) mérito próprio. É claro que, como reza o velho dito, uma coisa é a temporada regular, outra são os playoffs. Será que esta equipa de Toronto consegue fazer uma surpresa a Este? Será que, para já, se aguentam no pole position da conferência? E, depois, será que isso fará diferença ou LeBron e os Cavs derrotam-nos mesmo sem vantagem-casa?
Escrevemos em dezembro que estes Raptors eram uma experiência fascinante de seguir. São-no cada vez mais.

Será que os Boston Celtics entram nestas contas?

Falando de “a temporada regular é uma coisa e os playoffs outra”: o que valerão estes Celtics sem Gordon Hayward na fase a doer?

Brad Stevens não fica atrás de ninguém na liga nos X’s e O’s, Kyrie Irving é mágico e Al Horford é uma das estrelas mais subvalorizadas da liga. Mas sem o terceiro elemento do tridente ninguém esperava que pudessem sair vencedores da conferência (já com ele, poucos acreditavam). Jaylen Brown e Jayson Tatum estão a preencher essa lacuna de forma admirável, mas, lá está, uma coisa é agora, outra é em maio, quando o ritmo baixa e as defesas (e a responsabilidade) apertam.

A equipa de Boston tem a melhor defesa da liga, mas apenas o 20.º ataque. Greg Monroe dá-lhes mais uma arma ofensiva, mas também lhes dá menos defesa, pelo que é possível que não seja muito utilizado nos playoffs. Será que têm poder de fogo suficiente para almejar ao título do Este?

Será que os Minnesota Timberwolves chegam vivos aos playoffs?

Para os lados de Minnesota, poder de fogo não falta. O que pode faltar é fôlego, se Tom Thibodeau continuar a usar os seus jogadores desta forma. Os Wolves são a única equipa da liga com três titulares a jogar mais de 35 minutos por jogo. Aparentemente, Jimmy Butler estava tão fatigado que não jogou no All Star Game (as más línguas dizem que foram uns copos a mais na noite anterior; provavelmente estava a festejar não ter de ouvir os gritos do Thibs durante uma semana). Mas, episódio de Butler à parte, Thibodeau tem um longo historial de esgotar os seus jogadores na temporada regular. Será que vai restar algum combustível para os Wolves serem uma ameaça nos playoffs?

Será que veremos Kawhi Leonard dentro de campo?

A confiar nas palavras de Gregg Popovich, parece que não. Pop disse ontem que ficaria surpreendido se Kawhi voltasse esta época.

Ora bem, a confirmar-se esse “pior cenário possível”, sem ele, estes Spurs têm alguma hipótese de derrotar os Warriors ou os Rockets? Não. E com ele, o que valem estes Spurs? Bem, se há coisa que anos e anos a ver a NBA nos ensinaram, é que descontar a equipa de San Antonio não é a coisa mais sensata do mundo. E, verdade seja dita, nos playoffs do ano passado, estavam a vencer os Warriors por mais 20 quando a sua estrela se lesionou.

Mas, por muitos coelhos na cartola que Pop tenha e por muito que os Spurs nos possam surpreender, o tempo começa a esgotar-se para Kawhi regressar e ter tempo para recuperar algo perto da forma habitual, e esta começa a parecer cada vez mais uma temporada perdida para Leonard e os Spurs.



E será que veremos Markelle Fultz?

Será que a história mais bizarra da temporada terá um final feliz? Ou será que vamos ter mais um rookie dos Sixers a perder toda a temporada? Para já, a bizarria continua. Uma ideia: Markelle Fultz no Space Jam 2?

Quem será o vencedor do campeonato do tanking?

Esta promete ser uma das disputas mais emocionantes da temporada. Porventura, a mais emocionante e renhida de todas. Até agora, pelo menos, a corrida pelo último lugar (e pelas maiores chances de ficar com a primeira escolha no draft) está mais concorrida do que nunca, com 6 equipas com 18 vitórias. E, com o avançar da temporada, só promete melhorar (ou piorar).

Com uma das mais esperadas classe de jogadores universitários e um dos drafts mais profundos dos últimos tempos, poderemos ter o melhor (ou o pior) campeonato de tanking de que há memória.

É claro que terminar com o pior recorde pode não importar e pode sempre sair a sorte grande a uma das outras. Mas mais equipas que nunca vão dar o seu melhor (ou o seu pior) para terminarem a época com mais chances de ganhar a lotaria. Cameron Payne, está na hora de fazeres a tua magia.

Depois da paragem para as festividades do All Star, é já hoje que a ação a sério regressa aos pavilhões da NBA. E nos próximos meses ficaremos a saber a resposta a todas estas perguntas. Vamos embora. Dormimos em Julho.