Nottingham Forest: o período dourado de um gigante adormecido

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O Nottingham Forest é um dos mais míticos clubes ingleses. A sua história é recheada de curiosidades incríveis, mas é no final dos anos 70 que o clube ascende ao Olimpo do futebol, permitindo-lhe até hoje granjear o rótulo de único clube da Europa que tem mais títulos de campeão europeu do que de campeão nacional!
Nottingham Forest: o período dourado de um gigante adormecido

Tendo sido fundado em 1865, o Nottingham Forest é o terceiro clube mais antigo de Inglaterra a jogar no sistema atual de ligas inglesas. Fica apenas atrás do Stoke City (1863) e, curiosamente, do seu mais direto rival, o Notts County (1862). Os Reds (alcunha pela qual é conhecido o Nottingham Forest) são uma instituição especial por diversas razões. A primeira é, sem dúvida, o fato de terem começado por ser um clube com várias modalidades (algo pouco comum nos clubes dos campeonatos profissionais de futebol do país de Sua Majestade). Além do futebol, o Nottingham era conhecido pelo bandy (uma versão aproximada do hóquei no gelo), o shanky (uma espécie de hóquei em campo) e também o basebol!

Longe das rivalidades clubísticas dos dias de hoje, o Nottingham ajudou também à criação de diversos clubes, entre eles o Liverpool e o Arsenal. Inclusivamente, ambos vestem de vermelho porque o Forest doou os primeiros conjuntos de equipamentos a ambas as equipas.

E quando se pensava que acabaria por aí a proeza dos comandados de Brian Clough, a época seguinte dos Reds termina com um segundo lugar no campeonato e a surpreendente vitória na Taça dos Campeões Europeus (atual Liga dos Campeões)

Entre a data da sua fundação e 1972, o percurso do Nottingham no futebol inglês foi, contudo, modesto em termos de resultados. De fato, nesse período apenas conquistou duas Taças de Inglaterra – a competição de futebol mais antiga do mundo – e acabou em segundo lugar no campeonato uma vez, na época de 1966-67, a quatro pontos do campeão Manchester United. Isto contribuiu para que, não obstante a sua importância histórica, o Nottingham tenha sido sempre considerado um clube “pequeno” no panorama do futebol inglês. Mas tudo mudou com a chegada de um excêntrico e genial treinador inglês.

Quando o que parecia impossível se tornou realidade

No ano passado, assistimos a um feito que desafiou, literalmente, todas as probabilidades, com o modesto (para os padrões ingleses!) Leicester a tornar-se campeão. Contudo, o feito do Nottingham Forest de 1976 a 1980 é, possivelmente, a história mais improvável do futebol inglês. Estávamos então em 1975 quando os Reds contrataram Brian Clough para treinador da equipa principal. Na época de estreia, o inglês (que a breve trecho terá direito a um artigo só para si) faz o suficiente para manter a equipa na segunda divisão. Na época seguinte, ainda com pouco tempo de trabalho, faz melhor e consegue terminar o campeonato secundário inglês na oitava posição, mas apenas a oito pontos das posições de promoção.

Chegamos então à época de 1976-77, em que o improvável começa a tomar forma. Já com a equipa à sua imagem, o Nottingham Forest consegue a tão desejada promoção ao primeiro escalão do campeonato inglês. Logo na época seguinte, o clube torna-se então numa das poucas equipas - cinco no total - a realizar a proeza de ser campeã um ano depois de subir ao escalão principal. E quando se pensava que acabaria por aí a proeza dos comandados de Brian Clough, a época seguinte dos Reds termina com um segundo lugar no campeonato e a surpreendente vitória na Taça dos Campeões Europeus (atual Liga dos Campeões). Tratou-se de um feito incrível para o histórico, mas modesto, clube de Nottingham, que espantou a Europa do futebol e elevou a equipa e o seu treinador ao estatuto de lendas.

Mas Clough não ia parar por aí. Batendo todas as probabilidades, o Nottingham Forest acaba a época de 1979-80 renovando o título de campeão europeu e tornando-se no único clube do Velho Continente a ter no seu "currículo" mais títulos europeus (2) que campeonatos nacionais (1). Durante este autêntico período dourado, os Redes ganharam ainda duas Taças da Liga, uma Supertaça Europeia e uma Supertaça Inglesa. Em apenas três anos, o Nottingham Forest construiu um palmarés e uma reputação de fazer inveja à maioria dos clubes em todo o mundo. E Clough tornou-se uma lenda, com direito a estátua erguida pelo clube.

O presente

Dos anos 80 para cá, o Nottingham Forest conseguiu “apenas” vencer mais duas Taças da Liga. Mais: desde 1999 que não joga no principal campeonato inglês, competindo hoje em dia no Championship (segundo escalão do futebol profissional em Inglaterra). Esta época, contudo, o objetivo é regressar à Premier League. Uma aposta que tem dedo português, digamos assim.

Para além do diretor desportivo do clube ser o português Pedro Pereira (que chegou da Fiorentina), o plantel conta com Hildeberto Pereira, jovem emprestado pelo Benfica que tem jogado com regularidade, e Licá, extremo que já representou clubes como a Académica, o Estoril ou o Futebol Clube do Porto. Mas sobre isso, voltaremos a falar num futuro não muito longínquo.

Este fim de semana, para não variar, espera-nos uma jornada emocionante. O destaque vai para a recepção do Tottenham (comandado pelo argentino Mauricio Pochettino) ao líder Manchester City, treinado pelo catalão Pep Guardiola.

Pedro Carreira é um jovem treinador de futebol que escolheu a terra de sua majestade, Sir. Bobby Robson, para desenvolver as suas qualidades como treinador. Neste momento a representar a academia do Luton Town, o Pedro deseja fazer aquilo que nenhum outro treinador português fez, ir do 4º escalão das Ligas Inglesas até ao estrelato da Premier League. Até lá, podemos sempre ir lendo as suas crónicas.

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