Bernardo Freitas e Frederico Pinheiro de Melo são os dois portugueses confirmados na Volvo Ocean Race 2017-2018. Os velejadores do Clube Naval de Cascais são, assim, os “sucessores” de João Cabeçadas, que era até agora o único português a ter participado numa regata de circum-navegação, tendo integrado as tripulações do Esprit de Liberté, de Patrick Tabarly, em 1989/90, do La Poste, de Éric Tabarly, em 1993/94, e no Brumel Sunenergie, de Hans Bouscholte e Roy Heiner, em 1997/98, da Whitbread Round the World Race, antecessora da Volvo Ocean Race (VOR).

Na regata que dá a volta ao globo, Bernardo Freitas e Frederico Pinheiro de Melo integram a Turn the Tide on Plastic, equipa internacional que tem a bandeira (e capital) nacional por via do investimento da Fundação Mirpuri, organização sem fins lucrativos criada pelo empresário Paulo Mirpuri sendo igualmente cofinanciada pela Ocean Family Foundation (OFF).

A sexta equipa que se inscreveu na Volvo Ocean Race, a primeira na história da VOR a ter bandeira portuguesa (e da ONU), navegará pelos quatro cantos do mundo transmitindo a mensagem do programa ambiental das Nações Unidas “Clean Seas”.

Um sonho de dois velejadores portugueses que querem abrir portas a outros

Assumindo que estão a viver “os momentos mais importantes na vida (no que toca à vela), Bernardo e Frederico, velejadores olímpicos, foram selecionados depois de um intenso período de testes. “Testámos oito velejadores portugueses, e no final selecionamos o Bernardo e o Frederico”, referiu Caffari, skipper da equipa, uma veterana nestas andanças que lhes deixou um elogio: “ambos são fisicamente muito fortes, e têm um excelente conjunto de competências”.

“É difícil digerir o que vai acontecer. Todo o tempo que dedicámos à vela, toda a preparação física, e não só, está a ter os seus frutos e tanto eu como o Frederico vamos embarcar numa aventura que sonhávamos desde pequenos. Finalmente conseguimos este bilhete para ir dar a volta ao mundo”, sublinhou Bernardo Freitas, 27 anos.

Frederico Pinheiro de Melo (dir) e Bernardo Freitas (esq). Ugo Fonolla/Volvo Ocean Race

Depois dos Jogos Olímpicos de Londres 2012 e do 3º lugar na Red Bull Youth America's Cup (Taça América juvenil), no ano seguinte, Bernardo Freitas espera que “esta experiência possa colocar-nos noutro patamar para projetos futuros e abrir portas à vela portuguesa”.

Por seu lado, Frederico Pinheiro de Melo, 30, velejador também ele olímpico e que com Bernardo Freitas participou em 2016 numa etapa das Extreme Sailing Series espera que no futuro, na VOR, possa haver uma equipa 100% portuguesa”.

Na hora de ser escolhido para embarcar na maior prova de vela oceânica do mundo deixou uma palavra para João Matos Rosa, que “apesar de não ter sido selecionado continua a ajudar, mostrando uma grande atitude”, disse.

Para a prova que arranca de Alicante, Espanha, a 22 de outubro, Frederico Melo antecipa exigirá “talento em várias áreas a bordo”, num “misto de “força, skills e poder mental”. Por seu lado, a componente psicológica “é a chave” para Bernardo Freitas. “Neste tipo de regata retiramos todas as linhas de conforto que estamos habituados a ter em casa. Nada melhor que nós próprios para ultrapassarmos a nossas próprias dificuldades”, conclui.