As palavras de Didier Drogba descrevem John Terry na perfeição. Um motivador nato, um líder, um jogador talhado para lutar até ao fim e fazer o que for preciso para levar o seu clube à vitória. Quem o viu jogar durante os últimos anos percebe o que digo. Focado na tarefa e sempre com um só objetivo, levar a sua equipa à vitória. Esta semana John Terry anunciou que abandonará o Chelsea no final da temporada, mas que não deixará de jogar.

Terry tornou-se, ao fim de vinte e dois anos ao serviço do clube, o capitão do Chelsea com mais sucesso na sua história. Num clube com cento e doze anos de história, este é um feito ao alcance de poucos. Em conjunto com José Mourinho, Terry levou o Chelsea a vencer a Premier League, em 2005, cinquenta anos depois do último triunfo dos Blues. Mas se foi durante a era Mourinho que Terry ganhou tudo o que tinha para ganhar internamente, vinha a ser mais tarde que garantiria o seu mais importante troféu coletivo, a Liga dos Campeões. Depois de em 2008 ter falhado o penálti decisivo que daria a vitória sobre o Manchester United de Cristiano Ronaldo, foi em 2012 que Terry viria a conseguir a sua redenção. Apesar de não alinhar na final, devido a expulsão no jogo das meias-finais frente ao Barcelona, Terry sagrou-se campeão europeu e ergueu a taça que parecia, nesse ano, impossível de vencer por um Chelsea cheio de problemas internos.

Este ano, ao que tudo indica, o Chelsea poderá voltar a ganhar a Premier League, e será a quinta vez na conta pessoal de John Terry. Só ele, já ganhou dois terços do total de troféus conquistado pelo clube Londrino, ficando para a história como uma lenda do clube.

Aquele a quem ninguém apertava a mão

Se dentro das quatro linhas John Terry foi uma lenda, fora delas foi, no mínimo, polémico.

Para sempre, e principalmente para os rivais, John Terry ficará conhecido pelo momento caricato onde se vestiu a rigor, com o equipamento completo, para levantar o troféu da Liga dos Campeões. Até hoje lembrado como o Full Kit Wanker – sem traduzir à letra para ser simpático, digamos que a a tradução será o 'tipo' do equipamento completo – certo é que para a história, John Terry levantou o troféu com o seu equipamento vestido, e isso era importante para o mesmo.

O defesa central ficou, infelizmente, marcado por incidentes mais sérios. Entre eles o alegado envolvimento com a namorada do então colega de equipa e companheiro de seleção, Wayne Bridge. O episódio fez correr tinta e levou a mais do que um, muito desconfortáveis, encontros entre ambos, onde Bridge se recusou  a apertar a mão a Terry. Para a história, fica também um alegado abuso racial, com John Terry a ser acusado, e condenado a pagar uma multa de duzentos e vinte mil libras, a Anton Ferdinand. Como é que Anton resolveu responder? Da mesma forma que Bridge, deixando Terry, mais uma vez, de mão esticada.

Entre abusos e polémicas John Terry foi vendo ser-lhe retirada a braçadeira da de capitão da seleção inglesa, em ambas as polémicas acima referidas, sendo que na segunda, o seu afastamento da própria seleção seria definitivo. Com uma enorme carreira a nível de clubes, nunca conseguiu singrar totalmente a nível internacional.

John Terry personifica o tipo de jogador necessário para ganhar. São raras as ocasiões que uma equipa ganhadora não tem pelo menos um líder. E no caso de John Terry, este fê-lo durante todos os anos ao serviço do mesmo clube. Nos bons e nos maus momentos, mas principalmente nos períodos de pressão, são jogadores como John Terry que garantem que o barco não afunda e que a calma e a experiência levam a equipa à vitória.

Este último parágrafo ajuda-nos a fazer a ponte perfeita para a atual situação na liga. Se o Chelsea tem, não só em John Terry, que este ano não tem tido os minutos que lhe eram habituais, mas também em Branislav Ivanovic e Gary Cahill líderes que inspiram e dão confiança à equipa em momentos de pressão, o Tottenham ainda não tem tais figuras. Tendo no seu capitão o guardião Hugo Lloris, uma personalidade amigável e pouco intimidante, o Tottenham precisará em breve de figuras em campo, que surgiram com o passar do tempo, que possam assumir essas responsabilidades. Com jogadores muito novos e outros com pouco tempo de clube, apenas Pochettino parece ser o líder da equipa, quando para se vencer com regularidade, tal tarefa terá que ser partilhada com um ou mais elementos dentro do campo. Serve esta nota para voltar a afirmar, como já disse em semanas anteriores que o Chelsea não terá grande oposição para se sagrar, mais uma vez, campeão da Premier League apesar dos apenas quatro pontos a separar ambas as equipas.

Esta semana temos o Hull City e o Swansea City a disputar jogos importantíssimos. Qualquer deslize, principalmente em casa, poderá ser fatal e ambas disputam jogos em que têm obrigatoriamente que pontuar. Também a envolver um treinador português, temos o Manchester City – Manchester United que decidirá muita coisa no acesso ao terceiro e quarto lugar da tabela. Com o United a garantir a passagem às meias-finais da Liga Europa, apostará Mourinho nessa competição para alcançar o tão desejado acesso à Liga dos Campeões do próximo ano, ou não facilitará e tentará passar o City de Guardiola a todo o custo?

Pedro Carreira é um jovem treinador de futebol que escolheu a terra de sua majestade, Sir. Bobby Robson, para desenvolver as suas qualidades como treinador. Tendo feito toda a sua formação em Inglaterra e tendo passado por clubes como o MK Dons e o Luton Town, o seu sonho é um dia poder vir a treinar na melhor liga do mundo, a Premier League. Até lá, pode sempre acompanhar as suas crónicas, todas as sextas, aqui, no SAPO 24.