Na temporada passada (2016/17), a Premier League já tinha participado na maior demonstração de apoio à comunidade LGBT: numa das jornadas da competição, todos os árbitros usaram Rainbow Laces (atacadores arco-íris) e todas as equipas tiveram direito a uma braçadeira de capitão especial, também com as cores do arco-íris (normalmente associada a iniciativas de orgulho gay), numa iniciativa a que aderiram também a English Football League (organizador de todas as restantes divisões do futebol inglês) e a Federação Inglesa.

Os jogadores, assim como o público em geral, teve e tem ainda acesso à compra dos mesmos atacadores, sendo que o valor dos mesmo irá diretamente para campanhas e associações que lutam pela igualdade de direitos.

Mesmo dando uma visibilidade fantástica à causa, nem Premier League nem Stonewall ficaram satisfeitas com o realizado na época transata, pelo que decidiram, na passada semana, assinar um acordo de três anos para ajudar a promover a igualdade no desporto e no futebol em particular.

“O futebol da Premier League é para todos e em qualquer sítio. Os nossos clubes têm um compromisso com a igualdade e diversidade a todos os níveis do jogo.” Richard Scudamore, Presidente Executivo da PL

E este acordo irá levar a campanha mais além, quer no relvado, quer fora dele. Visualmente, além dos atacadores e das braçadeiras, quem assistir a um jogo da Premier League no próximo fim de semana poderá esperar ver as cores do arco-íris no suporte inicial da bola de jogo, no placard de publicidade que serve de pano de fundo ao aperto de mão entre jogadores antes do apito inicial e ainda nas bandeirolas de canto.

Além disso, a liga pretende fazer um esforço adicional para proporcionar um ambiente mais seguro e recetivo não só dentro, como também fora das quatro linhas. Para isso, a Premier League e a Stonewall irão trabalhar arduamente para banir quaisquer comentários homofóbicos e/ou abusos nos estádios ou nas redes sociais.

LGBT na Premier League

Em janeiro deste ano, a questão sobre o número de atletas LGBT a jogar na Premier League já tinha sido alvo de discussão. Por diversas vezes, Greg Clarke, Presidente da Federação Inglesa, abordou a questão e sugeriu que os jogadores homossexuais revelassem essa informação de forma a promover a educação para o tema dentro do jogo.

De forma a tentar prever a aceitação do público - o que parece ridículo em 2017, mas infelizmente existe ainda muita discriminação, principalmente no "conforto" das redes sociais - realizou-se um inquérito em que a resposta foi positiva: 63% dos adeptos de desporto dizem que mais deveria ser feito para que as pessoas LGBT se sintam aceites no meio. Ainda assim, Greg Clarke sublinha o facto destas respostas serem positivas quando falamos de jogadores a atuar nas equipas dos questionados, mas não haver tanta certeza caso o atleta se apresente numa equipa adversária.

63% dos adeptos de desporto dizem que mais deveria ser feito para que as pessoas LGBT se sintam aceites no desporto

Em outubro passado, David Haigh, antigo proprietário do Leeds United, disse em entrevista ao jornal inglês Mirror, terá dito que pelo menos 20 jogadores na Premier League são homossexuais e a razão pela qual não o sabemos é porque os mesmos têm medo de o afirmar. A ideia de fazer o chamado coming out (assumir uma orientação sexual) em grupo, com vários jogadores a fazê-lo ao mesmo tempo, foi posta em cima da mesa. Mas, imediatamente, há questões que surgem. Teriam esses jogadores problemas com os seus eventuais contratos publicitários? Seriam alvo de discriminação numa futura transferência? Seriam penalizados numa eventual renegociação de contrato com o clube?

O que é certo é que dos mais de quatro mil jogadores de futebol profissionais no Reino Unido, nenhum se assumiu como homossexual. Contudo, Haigh pensa que quem o fará primeiro receberá apoio incondicional da maioria dos adeptos de futebol e depois disso muitos se sentirão confortáveis para seguir o exemplo.

LGBT no futebol

Justin Fashanu, futebolista inglês que jogou em clubes como o Norwich, Nottingham Forest e Southampton, entre outros, foi o primeiro jogador na história a assumir-se como homossexual. Fashanu foi também o primeiro jogador negro da história a ser transferido por um milhão de libras e foi pouco depois dessa mesma transferência, para o Nottingham Forest, que resolveu desvendar a sua orientação sexual. Estávamos em 1990. O facto foi mal recebido e Fashanu passou a sofrer bullying dos adeptos dos clubes onde quer que fosse jogar, tendo de, a partir de certa altura, mudar de clube quase de seis em seis meses.

Liam Davies, jogador semi-profissional dos mais baixos escalões ingleses, assumiu-se como homosexual em 2008, à data com apenas dezoito anos de idade. Desde então diz que nunca se arrependeu da decisão tomada. Na sua opinião, nada de negativo tem a apontar à sua experiência como futebolista e diz ser uma questão de tempo até que um jogador de elevado perfil faça o mesmo. Nessa altura mais se seguirão e tudo será perfeitamente normal daí em diante.

Robbie Rogers, nascido em 1987 nos Estados Unidos, jogou em diversos clubes, incluindo o Leeds United e o LA Galaxy. E foi mesmo nos tempos em que jogava em Inglaterra que o jogador, na altura com vinte e cinco anos de idade, decidiu assumir em público a sua orientação sexual. Contudo, o atleta só se sentiu bem a fazê-lo porque, no mesmo momento, decidiu abandonar o futebol. Já nos Estados Unidos, ao falar para uma plateia de quinhentos jovens da comunidade LGBT, acabou por afirmar que se chegou a sentir como "um cobarde" por se ter assumido e abandonado o futebol. "Estes miúdos estavam a lutar para se defenderem e para mudar o mundo e eu, que tinha uma plataforma para ser um exemplo, não o estava a fazer", referiu.

Foi então que Rogers decidiu voltar aos relvados e, até 2016, tornou-se no primeiro jogador assumidamente homossexual a jogar na MLS (Major Soccer League - Liga de Futebol Norte-Americana). Curiosamente, o seu primeiro golo foi exatamente no dia de orgulho LGBT.

Pedro Carreira é um jovem treinador de futebol que escolheu a terra de sua majestade, Sir. Bobby Robson, para desenvolver as suas qualidades como treinador. Tendo feito toda a sua formação em Inglaterra, passou por clubes como o MK Dons e o Luton Town, e também pela Federação Inglesa, o seu sonho é um dia poder vir a treinar na melhor liga do mundo, a Premier League. Até lá, pode sempre acompanhar as suas crónicas, todas as sextas, aqui, no SAPO 24. E não se esqueça que poderá sempre juntar-se à nossa liga SAPO 24 na Fantasy Premier League. O código de acesso é o 3046190-707247.

Notícia atualizada às 12h48 de dia 18 de novembro de 2017. A jornada em que a Premier League fará a campanha de sensibilização para a temática referida no artigo apenas acontece no fim de semana de 25 e 26 de novembro.

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