Não só os golos e o espetáculo proporcionado pelas equipas é um atrativo na liga, a sua imprevisibilidade é o que nos deixa pregados ao ecrã. O fim de semana passado ficou marcado igualmente por ser o segundo ano consecutivo, desde a criação da Premier League como a conhecemos hoje, em que o campeão em título perde na jornada inaugural. Depois de no ano passado termos testemunhado a derrota do campeão em título Leicester frente ao Hull City, por duas bolas a uma, desta feita foi a vez de o Chelsea deixar-se surpreender, de tal forma que ao intervalo já perdia por três a zero.
Na semana passada vimos o que a Premier League nos trouxe de novo nesta edição de 2017-18. Hoje, já com o olhar no futuro, espreitamos o que a edição 2018-19 nos poderá oferecer e a relação que essas mudanças poderão ter com os resultados da primeira jornada.
Compras de última hora
Assim como algumas pessoas na época natalícia, também na Premier League existem clubes que deixam para o final algumas das suas compras mais importantes. Após a primeira jornada, é impossível não pensar no Chelsea como um desses clubes.
Com três contratações - se ignorarmos por momentos a do experiente guardião Willy Caballero - feitas este verão, o Chelsea focou-se única e exclusivamente em repor peças que saíram. As trocas diretas de Álvaro Morata por Diego Costa, de Antonio Rüdiger por John Terry e de Tiémoué Bakayoko por Nemanja Matić.
À partida pensámos que o objetivo do Chelsea seria apenas substituir peças-chave na equipa, mas há afinal uma ideia maior por detrás destas contratações. Segundo os rumores na imprensa inglesa, Antonio Conte está insatisfeito com o dono do clube Roman Abramovic por este, à sua revelia, querer baixar a todo o custo a média de idades da equipa. Não se sabendo se estes rumores são, ou não, verdadeiros, o que é certo é que Antonio Conte viu algumas contratações vetadas - Leonardo Bonucci (30 anos), Fernando Llorente (32) e Antonio Candreva (30). O que é certo é que nas três contratações autorizadas por Abramovic, o Chelsea reduziu a idade do seu plantel, pelo que esta parece ser claramente a estratégia adotada pelo clube.
O Chelsea não entrou em campo com o pé direito. Após a conquista do campeonato, uma equipa deve fazer um esforço para não só manter a qualidade, mas também melhorar o rendimento e valor do plantel. O que nos leva à nossa próxima questão. Estará a derrota frente ao Burnley a ser sobrevalorizada por adeptos e clube? Irá o Chelsea atacar o mercado após esta 'alarmante' derrota? E se o fizer, será justo que o faça?
Fecho do mercado
Uma das queixas recorrentes, especialmente por parte dos treinadores, é da incerteza do mercado após o início do campeonato. Fechar o mercado a 31 de agosto, não só deixa uma incerteza nos técnicos, como é, em minha opinião, extremamente injusto para os clubes ditos mais pequenos. Pensemos no Everton esta semana, que contratou Gylfi Sigurdsson ao Swansea, retirando ao clube do País de Gales uma das suas peças fundamentais.
Já com o campeonato a decorrer e em véspera de defrontar o Manchester United, os Cisnes veem-se desfalcados e em dificuldades para colmatar a saída do islandês. Ainda que esta seja uma situação recorrente no fecho do mercado, seja ele a que dia for, o que é certo é que as equipas deveriam, em minha opinião, reforçar-se tendo em conta a sua ideia de restruturação do plantel e não tendo em conta um mau início de campeonato.
Sendo a janela de transferências uma forma de avaliar a capacidade que os clubes têm de se reforçar, a oportunidade de o fazerem já com o campeonato a decorrer permite que estes corrijam os erros cometidos, favorecendo-os em relação aos clubes que fizeram o seu trabalho de casa bem feito e que, devido a uma boa restruturação poderão ter começado a época de forma positiva.
Estando a Premier League na vanguarda do futebol, estará em cima da mesa a possibilidade dos clubes adiantarem a data de fecho do mercado para antes do início do campeonato. Vejamos o caso do Southampton, que neste momento se vê numa situação complicada no que a Virgil van Dijk diz respeito. Sem ter a certeza se Liverpool ou Chelsea darão o que estes pedem pelo jogador, a saída do atleta, apesar de parecer iminente, é ainda uma incógnita. Para o Southampton, caso este saia será muito difícil repor a qualidade do defesa central em tão pouco tempo.
Com a maioria dos clubes a favor desta proposta, a alteração terá que ter a aprovação de 14 dos 20 clubes da Premier League para seguir em frente. Ainda está por perceber o quão forte será a oposição a esta alteração, mas o que se sabe é que clubes como o Watford e Manchester United não estão seguros de que a alteração trará mais vantagens que desvantagens para os clubes.
Tendo referido as principais razões que me levam a concordar com a alteração, há também que referir que a mudança da data seria exclusiva a clubes da Premier League e que estes, caso o fecho do mercado passe a ser antes do início do campeonato, ficarão expostos a todas as outras ligas europeias que poderão ainda vir contratar à Premier League até ao último dia do mês de agosto. Outra das razões dadas, contra a implementação, é a de que uma equipa de um campeonato que não a Premier League que, imagine-se, no sorteio da Liga dos Campeões ficou no mesmo grupo que uma equipa inglesa, poderá então ajustar o seu plantel e reforçar-se tendo em vista o melhoramento da equipa em relação aos seus adversários ingleses, que já não o podem fazer.
Pessoalmente não concordo com o burburinho criado pelo último dia de transferências quando já temos jogos, golos, assistências e polémicas. Todo o espetáculo do dia 31 de agosto pode ser feito antes da primeira jornada começar e isso, por si só, poderá despertar a atenção de alguns adeptos para o começo do campeonato e poderá, inclusivamente, levar à compra de bilhetes de época tendo em conta as contratações dos clubes.
Com a Premier League a reunir a 7 de setembro, saberemos então se a Liga, e respetivos clubes, abraçarão a ideia de tornar o campeonato mais justo para todos e anteciparão, ou não, a data limite de transferências para uma semana antes do início da competição já na próxima edição.
Esta semana a Premier League já nos presenteia com jogos grandes e o Tottenham vs Chelsea é o atrativo principal da jornada. Com um Tottenham praticamente igual ao da época passada, este poderá ser um início de campeonato extremamente difícil para os comandados de Conte. A ter que receber Everton, Arsenal, Manchester City e Manchester United nas próximas cinco jornadas caseiras, será interessante perceber qual a reacção do Chelsea à derrota da primeira jornada e também qual o 'efeito Wembley' na equipa de Pochettino. Um duelo que poderá acompanhar domingo, dia 20, pelas 16h.
Pedro Carreira é um jovem treinador de futebol que escolheu a terra de sua majestade, Sir. Bobby Robson, para desenvolver as suas qualidades como treinador. Tendo feito toda a sua formação em Inglaterra, passou por clubes como o MK Dons e o Luton Town, e também pela Federação Inglesa, o seu sonho é um dia poder vir a treinar na melhor liga do mundo, a Premier League. Até lá, pode sempre acompanhar as suas crónicas, todas as sextas, aqui, no SAPO 24.
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