Tomé, que era adjunta do técnico Jorge Vilda, demitido no meio de um processo de reestruturação após o beijo de Rubiales a Jenni Hermoso, anunciou hoje a sua primeira lista, com 15 regressadas que tinham admitido não estar disponíveis.

“Sim, falei com as jogadoras, com aspetos de ordem profissional. O que foi dito fica entre nós”, declarou a selecionadora.

Na lista para os jogos da Liga das Nações, ante Suécia e Suíça, estão nomes como Aitana Bonmatí e Alexia Putellas, duas das grandes figuras, mas também Athenea del Castillo, única campeã no ativo que não tinha declarado indisponibilidade (Claudia Zornoza retirou-se da seleção em definitivo), e ainda Mapi León e Patri Guijarro, que tinham falhado o Mundial.

Em sentido contrário, a capitã da equipa que conquistou o torneio, Jenni Hermoso, ficou de fora, depois do ‘turbilhão’ lançado no seio do futebol espanhol, ao denunciar o beijo não consentido do então presidente da Federação (RFEF), nas comemorações do título.

“Tudo o que se passou durante estes dias é muito desagradável. Por isso, estamos ao lado delas e acompanhamos o seu sentimento quanto ao que viveram. Sou respeitosa e quero estar quanto antes com as jogadoras, para poder preparar os jogos. Isto apanhou-nos de surpresa, mas tenho a sorte de estar rodeada de gente muito profissional”, declarou Tomé.

Rubiales foi, entretanto, suspenso, demitiu-se do cargo de presidente, e está sob o olho da justiça, desportiva e cível, com mudanças também na estrutura federativa, desde logo pela saída de Vilda, um caso precipitado pela denúncia da capitã.

“Estamos com a Jenni, e com todas as jogadoras, em tudo. A melhor forma de ajudá-las é estar próxima e ouvi-las. Quisemos proteger Hermoso da melhor forma, e foi esta. Contamos com Jenni, trabalho com ela há cinco anos e ainda joguei contra ela”, explicou Montse Tomé.

Assim, a primeira lista de “uma nova etapa”, uma expressão que frisou a selecionadora, parece incluir os nomes mais fortes e, à exceção de Hermoso, só conta ausências por motivos de lesão, e não por indisponibilidade ou outros fatores ligados à ‘polémica’.

“Nenhuma jogadora me pediu para não ser convocada. (…) Trabalhei com Jorge Vilda, mas não sou Jorge Vilda. As jogadoras conhecem-me, sei o que pensam de mim. Sinto-me bem e preparada”, explicou a nova treinadora principal, que foi hoje apresentada antes de divulgar a lista e fez questão de reforçar que apoia Hermoso em vários momentos da conferência de imprensa.

Antes de ser anunciada a lista em Las Rozas, a RFEF tinha emitido um comunicado em que instava as campeãs do mundo a “juntar-se à mudança” que pretende levar a cabo no organismo e no futebol espanhol, garantindo “um ambiente seguro” para esse regresso.

“É evidente que federação, sociedade e jogadoras estão alinhadas num mesmo objetivo: a renovação e o início de uma nova etapa em que o futebol seja o grande beneficiado por todo este processo”, pode ler-se no documento.

Ao todo, 39 jogadoras, entre elas a quase totalidade das campeãs do mundo, exigiram mais mudança à RFEF, declarando-se indisponíveis para regressar a menos que estivessem reunidas novas condições, num manifesto publicado na última semana.

Das 23 convocadas, 20 tinham assinado o documento.