Não ficou por dinheiro, não saiu por dinheiro e não se sente um treinador a prazo. O treinador do Benfica explicou, esta sexta-feira, a reunião e as decisões tomadas com o presidente Luís Filipe Vieira.

Para começar, quis elogiar a postura deste durante os esclarecimentos prestados às 20h00 desta quinta-feira, afirmando que queria "dar os parabéns ao presidente pela abertura e pela fraqueza na conferência de imprensa de ontem. E percebo perfeitamente aquilo que disse", disse.

"A decisão de ontem foi mútua. [No fim] demos um abraço, forte, e muito sentido", acrescentou.

Todavia, Rui Vitória confidenciou que esta não foi uma semana normal, uma vez que a viveu "de forma intensa". E garantiu que "nunca" disse a Vieira que não tinha condições para continuar como técnico da equipa principal.

Depois, acrescentou peremptoriamente: "Ainda tenho muito para ganhar pelo Benfica".

Mas terá ou não recebido uma oferta de outro clube?

"[Esse assunto] é irrelevante nesta altura. Nunca disse quantos contactos, quantas propostas tive, o meu compromisso é outro. O mais fácil seria apanhar um avião para outro lado. Não estou aqui para dizer que clubes me contactaram. Nunca é por dinheiro, não é isso que me move", afirmou.

Rui Vitória deixou ainda elogios para Tiago Pinto, Diretor Geral. Mas acabou por confidenciar que o mais fácil para ambas as partes — ele e clube — era a sua saída.

"Mala cheia de dinheiro num lado, treinadores a querem vir noutro. [Candidatos] a esta cadeira não faltam, porque é uma cadeira desejável", começou por dizer. "Eu olho para frente, vejo que estamos nas quatro competições. E estou num projeto em que estou envolvido até raiz. E vou abandonar? Não é a maneira que eu penso", concluiu.

O treinador do Benfica revelou acreditar que nada está perdido e que a situação se pode inverter. Mas não sem antes de deixar uma mensagem aos adeptos e associados do clube.

"Quem perdeu o orgulho pelo Benfica, vai voltar a ter esse orgulho pelo Benfica. Quem tem alguma eventual fraqueza no sentido dessa dúvida, vai voltar a certezas".

Sobre a continuidade, revela o seu "compromisso é com o Benfica, não é com a pessoa A, B, ou C". E que é preciso manter a união dentro do seio da equipa e que o contrário é exatamente aquilo que os adversários pretendem.

"Temos de estar unidos. É importante que as pessoas saibam isso. Só pode haver um Benfica. Temos de estar unidos porque [desunião] é o que os adversários querem", justificando que "quando o Benfica está forte, dentro e fora do campo, é muito difícil ser derrotado. E é para isso que aqui estou".

"Ontem foi um dia importante para todos nós. Há mudanças claras e que vamos introduzir. É uma mudança que tem de ser interior — não podemos mudar o mundo se não nos mudarmos a nós. Depois, quem já cá andava, custou muito conquistar o tetra. E quem chegou agora tem de perceber isso se não não está cá a fazer nada", continuou.

Questionado pelos jornalistas se sentia se há vontade do grupo em mudar, afirmou positivamente. "Sinto. Por isso é que estou aqui sentado e não está outra pessoa. Sei os jogadores que tenho, o que podem dar, mas tem sei as mudanças que há a fazer. A começar por mim. Quando aponto o dedo a alguém, tenho três apontados a mim. Os meus jogadores querem ganhar, a começar já amanhã", explicou.

E que mudanças são essas? União, entre outras "coisas operacionais". E deu um exemplo: amanhã, reitera Vitória, "estão apenas 18 convocados, nem mais um".

E deu o mote para aquilo que acontecer já no próximo sábado, na Luz, no jogo que vai opor os encarnados frente à equipa de Santa Maria da Feira, de Nuno Manta Santos. Afinal, era o tema que devia de estar em causa este início de tarde, mas de que pouco ou nada se falou.

"Aviso já aquilo que vou fazer no jogo de amanhã: irei estar no campo, vou ser o primeiro a entrar campo, vou estar no meu lugar e vou aplaudir os meus jogadores quando entrarem", disse.

Interrogado sobre aquilo que o leva a acreditar nestas mudanças — ou se estas vão trazer benefícios ao plantel — em apenas 24 horas, o técnico revelou que "na nossa vida há momentos que nos fazem pensar, refletir e [em que] se tem que fazer um storming, uma tempestade, para as coisas mudarem".

O Benfica, quarto classificado, com 20 pontos, recebe no sábado, pelas 18:00, o Feirense, no 16.º lugar, com nove pontos, em jogo da 11.ª jornada da I Liga.