Qual é a dimensão do Al-Nassr?

Fundado em 1955, o Al-Nassr é o segundo clube mais bem sucedido da Arábia Saudita. A nível doméstico conta com oito ligas, três taças e duas supertaças no currículo, sendo apenas superado pelo Al Hilal, clube que não é desconhecido em Portugal, tendo sido já orientado por Jorge Jesus e Leonardo Jardim.

A nível continental, venceu duas Ligas dos Campeões do Golfo Pérsico, competição que não é disputada desde 2015, tendo sido 'engolida' pela maior importância que é dada à Liga dos Campeões asiática, onde o Al-Nassr não conta com nenhum título e competição para a qual não está qualificada depois de um sexto lugar na última temporada.

Comandado pelo francês Rudi Garcia, o clube de Majed Alammari (ex-Anadia), do costa-marfinense Ghislain Konan (ex-Vitória de Guimarães), do brasileiro Anderson Talisca (ex-Benfica) e do camaronês Vincent Aboubakar (ex-FC Porto) está na frente da Liga saudita ao fim de 11 jornadas, com 26 pontos, um acima do Al Shabab, que tem menos um jogo.

Quais os valores do contrato de Cristiano Ronaldo?

De acordo com a imprensa, Cristiano Ronaldo, com este contrato, ascende ao topo da lista dos atletas mais bem pagos em todo o mundo, ao auferir sensivelmente 200 milhões de euros (ME) anuais até junho de 2025, além de um prémio de assinatura de 100 ME.

Os valores têm não só uma proveniência desportiva, como também de compromissos comerciais, muitos deles relacionados com a promoção do país, algo que pode ser explicado pela ligação da família real de Salman bin Abdulaziz ao clube.

Este detalhe tem levado a outras notícias, nomeadamente que, caso o Newcastle, clube que atua na Premier League e que é detido pelo consórcio formado pela PCP Capital Partners, a RB Sports & Media, e liderados pelo Public Investment Fund, fundo estatal administrado pelo governo da Arábia Saudita, se qualifique para a Liga dos Campeões, Cristiano Ronaldo fica com a possibilidade de, já no verão, regressar a Inglaterra.

Quando é que Ronaldo se vai estrear?

Ao que tudo indica, e já depois de ter passado nos exames médicos, Cristiano Ronaldo estará apto para disputar quinta-feira o jogo frente ao Al-Tai, sétimo classificado da liga saudita.

Como será possível ver Cristiano Ronaldo em ação?

Esta é provavelmente a maior incógnita do momento. O capitão da seleção portuguesa mudou-se para um campeonato que é invisível ao resto do mundo, uma vez que a Saudi Sports Company, detentora dos direitos da liga saudita, até ao momento não comercializou os direitos televisivos para outros países.

Como é que a chegada de um dos melhores jogadores da história vai mudar o futebol da Arábia Saudita?

Em declarações à agência Lusa, o treinador Mariano Barreto, que comandou o clube da Liga saudita em 2005, acredita que a chegada do jogador português aquele país terá um grande impacto na mentalidade dos atletas.

“Apesar de gostarem de futebol, eles não se dedicam como os jovens europeus no treino nem o encaram como uma atividade profissional, mas como forma de entretenimento. A ida do Cristiano Ronaldo poderá ser uma maneira de conseguir provar que com trabalho, entrega, dedicação e talento, é possível atingir algum nível. É claro que ninguém está a pensar que irão nascer Ronaldos na Arábia Saudita”, analisou o técnico, que sublinha que ainda antes de Ronaldo ganhar a sua primeira Bola de Ouro e já depois de ter a quinta, sempre se soube que este "é o primeiro e o último a sair do balneário, com um comportamento profissional impecável e sem mácula, que deixava marca nos seus colegas".

“Claro que a ida dele para a Arábia Saudita não será indiferente a todos os cidadãos do reino. Falei com um alto dirigente do clube, que esteve na minha ida para lá e me disse que estão com uma grande expectativa pelo impacto, pois nem eles próprios têm noção da dimensão que esta vinda do Cristiano Ronaldo irá ter”, testemunhou Mariano Barreto.

O segundo de cinco técnicos portugueses da história do Al Nassr refere que a ligação da família real de Salman bin Abdulaziz ao clube “terá sido determinante ou utilizada como bandeira para o desenvolvimento do futebol no país” durante as negociações com ‘CR7’.

“Julgo que o impacto foi uma das razões consideradas pelas autoridades para que uma figura como ele pudesse vir para a Arábia Saudita envolvendo os números que envolve. Há tempos ouvi técnicos lusos que por lá passaram a dizer que o grande problema era conseguir que os jogadores viessem treinar sempre ou cumprissem horários”, apontou.

Apreciado como “melhor jogador do mundo” na segunda nação mais populosa do Golfo Pérsico, Cristiano Ronaldo deixou para trás duas décadas “na ribalta do futebol europeu”, quando “habituou todos a ser figura apenas comparável” com o argentino Lionel Messi.

Quantas pessoas vão gritar "siii" com Ronaldo?

Outro dos temas que têm sido debatidos estão relacionados com a afluência dos adeptos ao estádio naquele país. Pelas fotos dos encontros do Al-Nassr vêm-se quase sempre bancadas pouco compostas, uma realidade distante daquela que Cristiano Ronaldo conheceu em Inglaterra, Espanha ou Itália. No entanto, espera-se que quando o português equipar de amarelo que os bilhetes 'voem'.

“Naqueles estádios fantásticos e do melhor que há costumam estar 100 ou 200 pessoas. As bancadas acabavam por ser compor ligeiramente nos jogos grandes. Com esta vinda de Cristiano Ronaldo, não tenho dúvidas de que em qualquer ponto da Arábia Saudita os recintos vão estar completamente cheios enquanto ele for novidade e capaz de mostrar que ainda consegue entusiasmar e maravilhar os fãs que o forem ver jogar”, diz o treinador Mariano Barreto.

Que liga é que Ronaldo vai encontrar?

Fábio Martins, avançado português que assinou em dezembro de 2022 pelo Al Khaleej, 15.º e penúltimo classificado do principal escalão saudita, patamar no qual já tinha evoluído na época 2020/21 pelo Al Shabab, a título de empréstimo do Sporting de Braga, recusa, em conversa com a agência Lusa, facilidades para ‘CR7’ na liga saudita.

“Sabendo que vai haver muito mais visibilidade no campeonato, todos os jogadores vão querer mostrar-se e defrontar com tudo o Al Nassr. O campeonato é interessante, porque é muito competitivo. Há quatro ou cinco equipas que podem lutar pelo título e, depois, as restantes estão muito coladas entre si. Ou seja, são sempre partidas difíceis de prever o resultado, o que torna o campeonato engraçado e entusiasmante de ser visto”, analisou.

Fábio Martins, que estava sem clube desde a rescisão em outubro com o Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos, exultou a entrada do compatriota na “Liga mais forte” do Médio Oriente para atuar no Al Nassr, detentor de nove títulos, o último dos quais em 2018/19.

“Não é para qualquer um defrontar uma lenda do futebol como Cristiano Ronaldo. Fiquei muito feliz pela chegada dele e estou ansioso para que essa data [da visita do Al Khaleej ao Al Nassr, em maio] chegue o mais rápido possível e possa estar com ele e conversar um bocadinho. Acho que será muito giro ter de jogar contra o Cristiano Ronaldo”, frisou.

Empenhado em contribuir nesse encontro da 26.ª jornada para os “inúmeros pedidos de camisolas” junto do vencedor de cinco Bolas de Ouro, o avançado formado no FC Porto assume que “a maioria dos jogadores vai olhar para esta aquisição com muito respeito”.

“A cobrança é exigente, mas houve-a em todo o lado por onde ele jogou e está mais do que habituado. Penso que vai haver uma loucura à volta dele à chegada, mas depois as pessoas habituam-se. É o efeito que o Cristiano Ronaldo tem por onde passa. Vimos o crescimento do Al Nassr em termos de números nas redes sociais. O Cristiano Ronaldo é isto. Além de excelente jogador, move multidões e é normal que seja idolatrado”, atirou.