Yolanda Hopkins é uma surfista portuguesa de 25 anos que sempre teve o desejo de surfar com Carissa Moore, pentacampeã mundial e medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

Filha de pai português e mãe britânica, antes de se atirar às ondas foi nos courts de ténis que a algarvia começou a dar os primeiros passos, seguindo com o olhar o trajeto das irmãs Venus e Serena Williams.

Convidada (wildcard) para o Meo Rip Curl Pro Portugal, 3.ª etapa do circuito de elite da Liga Mundial de Surf (WSL), a decorrer em Peniche, na praia de Supertubos, na estreia absoluta no circuito mundial, Yolanda Hopkins juntou, lado a lado, as duas inspirações durante 40 minutos e escreveu uma página de ouro no surf feminino português ao eliminar a havaiana Carissa Moore, atual líder do Championship Tour (CT), circuito de elite da Liga Mundial de Surf (WSL), nos oitavos de final da paragem portuguesa do CT.

“Estou super feliz. Sempre quis competir frente a frente com a Carissa. Foi o role model (“exemplo a seguir”, na tradução) desde que comecei a surfar. Foi apenas incrível”, frisou a recém-campeã europeia da WSL após superiorizar-se com o score combinado de 11,77 pontos frente a uma das suas fontes de inspiração na divisão a dois do lineup de Supertubos durante 40 minutos, ela que já havia defrontado a havaiana na primeira ronda, num heat (bateria) a três.

“É uma vitória muito, muito doce. Não podia ser melhor”, detalhou após alcançar um resultado histórico frente à primeira campeã olímpica da história do surf que vestiu, à entrada de Peniche, a licra amarela do CT (somou 10,23 pts). Um triunfo “um bocadinho mais doce”, comparou ao referir-se ao obtido em Tóquio 2020 quando eliminou a então número 2 mundial, Johanne Defay.

 “Não tenho pressão nenhuma. Apenas quero mostrar ao mundo o meu surf”

“Não estava com pressão, ela é que devia ter, ela é que é the GOAT como a Stephanie (Gilmore, sete vezes campeã do mundo). Fui relaxada”, explicou. “Isto é o meu tipo de surf, grande e mesmo horrível”, sorriu. “A Carisa estava à procura da onda bonitinha e os juízes deram-me os pontos que precisava”, continuou ao comentar as condições pesadas em Supertubos durante a ronda 16 da competição feminina.

Diplomada olímpica, 9.º lugar em Tóquio e campeã europeia do Qualifying Series (QS), circuito regional da World Surf League (WSL), Hopkins transpira confiança. “Sempre tive confiança em mim própria, qualquer campeonato onde entro quero ganhar e nada mudou, se quiser ganhar tenho que bater os melhores. Aconteceu. Foi para o meu lado, mas da próxima vez pode ir para o lado da Carisa”, avisou.

Underdog da competição, Hopkins tem agora encontro marcado com Macy Callaghan nos quartos-de-final do MEO Rip Curl Pro Portugal. Será uma reedição do duelo perdido para Macy no EDP Vissla Pro Ericeira, 5.ª etapa do Challenger Series, em Ribeira d'Ilhas, em outubro de 2022, evento ganho pela australiana.

“Não tenho pressão nenhuma. Apenas quero mostrar ao mundo o meu surf”, atirou a única portuguesa agora em prova depois do afastamento de Frederico Morais, na ronda de eliminação ontem, e Teresa Bonvalot, nos oitavos diante Tatiana Weston-Webb.

Vestida com a licra branca com o nome de Venus (e Serena) Williams exposto nas costas, a surfista portuguesa explicou a razão da escolha da camisola emprestada pela americana Laker Peterson (finalistas em Supertubos, no ano passado) a propósito da iniciativa de homenagem da Liga Mundial de Surf, pelo segundo ano consecutivo, relativa ao Dia Internacional da Mulher e à escolha das mulheres que inspiram os e as atletas. “Sempre tive inspiração nelas. Antes (do surf) jogava ténis. E quando comecei, o trabalho duro, elas mostraram o que era o trabalho duro. Aproveitei e utilizei a licra”, esclareceu Yolanda Hopkins, no fim da conversa na areia.