Nas previsões económicas divulgadas hoje, Bruxelas reviu em alta os valores para a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) em Portugal: em maio, esperava um crescimento de 1,8% para este ano e de 1,6% no próximo e, agora, aponta para 2,6% e para 2,1%, respetivamente. Para 2019, a expectativa é que a economia continue a desacelerar o ritmo de crescimento, ficando nos 1,8%.

Estas projeções estão em linha com as do Governo, que atualizou as suas estimativas em outubro e espera que o PIB cresça 2,6% em 2017 e 2,2% no próximo ano.

No relatório em que atualiza as previsões dos Estados-membros, o executivo comunitário afirma que o PIB e o emprego de Portugal deverão "aumentar significativamente" em 2017, "impulsionados pelas exportações e pelo investimento", e refere que, "apesar de algum abrandamento", o desempenho da economia portuguesa deverá "permanecer forte em 2018 e em 2019".

Bruxelas recorda que a economia cresceu 2,9% na primeira metade deste ano devido essencialmente ao investimento e às exportações, ao passo que o crescimento do consumo privado "continuou a abrandar".

Como a confiança dos consumidores piorou e o comércio a retalho abrandou, o executivo nota que o consumo dos privados poderá diminuir dando lugar a um "pequeno aumento da taxa de poupança".

Quanto ao investimento, a expectativa é a de que, na construção, "não atinja os níveis pré-crise tão cedo" e que o seu crescimento "enfraqueça um pouco depois da recuperação deste ano".

No investimento em equipamento, a perspetiva é que, após ter ‘disparado’ em 2017, haja uma normalização e que volte a crescer em 2019, um desempenho que se deve sobretudo ao efeito base do grande crescimento do investimento este ano resultante do aumento da capacidade da Autoeuropa que deverá depois aligeirar-se em 2018.

Relativamente às exportações, Bruxelas refere que "a expansão em curso na indústria automóvel e a continuação do ciclo positivo no turismo deverão manter o crescimento das exportações bem acima da procura dos maiores parceiros comerciais" tanto em 2017 como em 2018.

No entanto, em 2019, o crescimento das exportações deverá estar "mais em linha com a procura externa", à medida que o impacto da indústria automóvel e do turismo "deverá enfraquecer".

As importações deverão crescer a um "ritmo similar ao das exportações" em todos os anos das projeções, "refletindo uma recuperação no investimento em equipamento e um maior conteúdo importado na indústria automóvel".

A evolução esperada das exportações e das importações fará com que as contas de Portugal com o exterior mantenham "um pequeno excedente".

No mercado de trabalho, Bruxelas também está agora mais otimista do que anteriormente e espera que a taxa de desemprego caia dos 11,2% em 2016 para os 9,2% em 2017, "o nível mais baixo desde 2008", e que continue a reduzir-se para os 7,6% em 2019 "num contexto de algum abrandamento na criação de emprego e de aumento moderado dos salários".

A Comissão Europeia indica que "o emprego cresceu mais rápido do que o PIB" na primeira metade de 2017, "particularmente nos serviços trabalho-intensivos relacionados com o turismo e a construção".

Quanto aos salários, Bruxelas indica que se mantiveram-se baixos a nível agregado porque "a maioria dos novos empregos foram criados em setores com perfis de baixas qualificações e de salários mais baixos do que a média".

Finalmente, no que se refere à inflação, este indicador deverá "continuar relativamente estável nos 1,5% em 2017, nos 1,4% em 2018 e nos 1,5% em 2019".