"É um investimento muito bem-vindo, que está a criar emprego qualificado para jovens e é eventualmente também isso que faz com que menos jovens tenham de escolher a emigração e possam encontrar carreiras com sucesso em Portugal", disse Manuel Caldeira Cabral aos jornalistas, à margem da 5.ª conferência Franco-Portuguesa, a decorrer em Lisboa.

O governante destacou que, a par dos franceses que decidem vir viver para Portugal, também as empresas "têm mostrado confiança em Portugal" e considerou que isso foi importante na "retoma ao longo de 2016 e no reforço do crescimento económico".

"As empresas francesas têm dado um contributo para este processo, a França foi um dos mercados onde mais cresceram exportações, foi um mercado de crescimento do turismo muito importante e tem sido parceiro de investimento importantíssimo", sublinhou.

Questionado sobre a instabilidade política em França, Caldeira Cabral destacou que é um processo normal em democracia e que "não vai alterar apostura das empresas".

Após participar nesta conferência sobre as relações comerciais entre Portugal e França, Caldeira Cabral reúne-se com o ministro da Economia e das Finanças francês, Michel Sapin, que está de visita a Portugal e que hoje de manhã já esteve com o ministro das Finanças português, Mário Centeno.

Na conferência de hoje, organizada pela Embaixada de França em Portugal, foi apresentado um estudo que conclui que França lidera os países com filiais em Portugal que mais dinheiro geraram desde 2014, tendo destronado Espanha, que se manteve no 'top' durante 14 anos.

Os dados de 2015 sublinham que em valor acrescentado bruto (VAB) "França lidera os três principais setores" - comércio, transportes e armazenagem e informação e comunicação -, continuando a liderança espanhola no setor da construção e imobiliário.

A análise centra-se também nas empresas francesas que estão no top 100 das empresas em Portugal, sendo a Meo, da Altice, que comprou em 2015 a PT Portugal, a primeira empresa francesa naquele 'ranking'.

A esta somam-se outras, do setor da distribuição, como a Auchan, o Intermarche e a FNAC, prevendo esta última abrir pelo menos mais cinco lojas até 2018, num investimento que rondará os cinco milhões de euros, do setor automóvel, como a Faurecia, a Renault e a Peugeot, dos transportes, dando como exemplo a ANA – Aeroportos de Portugal, comprada pela Vinci, e dos serviços, como a Teleperformance e o BNP Paribas.

O documento reforça que França "mantém uma posição de topo na economia portuguesa" e, segundo informação de março de 2016, é o primeiro investidor estrangeiro em termos de investimento indireto, ocupando, no entanto, a quinta posição para os investimentos diretos. Em 2015, investiu oito mil milhões de euros.