"Todos os indicadores que temos do segundo trimestre mostram uma aceleração homóloga muito significativa do crescimento. Isso pode significar, por exemplo, e esse número vou arriscá-lo, que o crescimento do segundo trimestre venha a ser superior a 3% em termos homólogos, dada a aceleração que estamos a assistir", disse Mário Centeno hoje em entrevista à Reuters.

Já para o total de 2017, o governante afirmou que é agora provável que o crescimento da economia fique acima dos 1,8% previstos inicialmente pelo Governo.

Questionado sobre se concorda que este ano o mais certo é um crescimento claramente acima de 2%, Mário Centeno disse ser “pacífico afirmar tal coisa", destacando que a economia não viveu apenas um trimestre de crescimento mas tem registado um “crescimento bastante forte desde o terceiro trimestre de 2016”.

O PIB cresceu 2,8% em termos homólogos no primeiro trimestre do ano, um crescimento trimestral homólogo que não se verificava desde os últimos três meses de 2007 e que superou as expectativas dos analistas.

Em cadeia, face ao trimestre anterior, a evolução foi de 1% entre janeiro e março.

Relativamente à saída de Portugal do Procedimento por Défices Excessivos (PDE), que a Comissão Europeia propôs acontecer, Centeno considerou que com essa decisão foi reposta a “credibilidade” das instituições portuguesas e afirmou que isso “também se deveu aos compromissos e execução orçamental que observámos em 2016".

Sobre as agências de ‘rating’, cujas maiores (Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s) ainda dão nota de ‘não investimento’ (‘lixo’) à dívida de longo prazo de Portugal, considerou que estas ainda “penalizam” o país por razões que acha que não levam em conta os desenvolvimentos da economia portuguesa dos últimos anos e meses, nomeadamente a “estabilização do sistema financeiro” e também a “consolidação orçamental”.

Sobre a intenção de Portugal de antecipar 10 mil milhões de euros de pagamento ao Fundo Monetário Internacional (FMI) de empréstimos concedidos aquando do resgate de 2011, e para o qual já pediu autorização aos parceiros europeus, Centeno garantiu que isso “não porá em causa a política de almofada financeira que o Governo utiliza na sua gestão da dívida pública” e que permitirá alargar a “maturidade média da dívida e reduzir o custo médio do endividamento português".

O ministro falou ainda sobre a hipótese de substituir Jeroen Dijsselboem como presidente do Eurogrupo (grupo dos ministros das Finanças da zona euro), tendo assumido que Portugal é um membro ativo em qualquer debate, mas rejeitando comentar eventuais conversas.

“A minha resposta é muito canónica e simples. Sendo Portugal membro da área do euro, era só o que faltava que o Ministro das Finanças português não participasse convictamente nestas discussões", afirmou.