O porta-voz dos democratas-cristãos, João Almeida, lembrou um pedido efetuado em novembro para aceder a correspondência e comunicação trocada entre António Domingues e a tutela, à qual o Ministério das Finanças respondeu, em janeiro, que "inexistem trocas de comunicações com as características descritas".

Em conferência de imprensa, no parlamento, o deputado centrista admitiu perguntar ao ministro das Finanças "se quer voltar atrás na resposta que deu" e prometeu não deixar de "voltar a chamar António Domingues para dizer se existem ou não as informações que até ao momento o Ministério e o Governo têm dito que não existem".

João Almeida lembrou a possibilidade de Centeno "cair na moldura penal de perjúrio", uma vez que os inquéritos parlamentares têm "poderes idênticos aos dos processos judiciais".

"Relativamente à quebra de verdade pelo ministro das Finanças, essa é inequívoca. Poderá estender-se ainda mais com a análise de documentos que, por enquanto, estão sob reserva, mas é evidente já que o ministro das Finanças disse à comissão de inquérito que inexistia aquilo que existe", disse o parlamentar democrata-cristão.

Para os centristas, "quem tem [a responsabilidade] é o primeiro-ministro, que saberá se quer manter no Governo alguém que disse ao parlamento que inexistia documentação que, afinal, existe".

"As consequências penais são cair na moldura penal de um crime de perjúrio e mentir, prestar falsas declarações. São idênticas àquilo que existe num processo judicial porque a comissão de inquérito tem poderes idênticos", especificou.

João Almeida, confrontado com a pergunta sobre se o CDS-PP exige a demissão de Mário Centeno, à semelhança do eurodeputado do PSD Paulo Rangel, concluiu algo "factual": "O CDS não pode demitir o ministro das Finanças".