"O Governo tem confiança na reforma que está a empreender na CGD [Caixa Geral de Depósitos] e na administração que escolheu, pelo seu profissionalismo, independência e idoneidade", lê-se no documento, no qual também é garantido que o executivo está "empenhado no sucesso do processo de capitalização".

"O Governo defenderá todas as componentes do plano de capitalização, em particular a independência e as condições dadas ao Conselho de Administração para executar o plano de negócios", garantem as Finanças.

Na quarta-feira, a Comissão Europeia confirmou ter-se reunido com o atual presidente da CGD, António Domingues, para debater a recapitalização do banco público quando este ainda não tinha sido nomeado para o cargo e pertencia ainda aos quadros do BPI.

"As reuniões de preparação do plano de negócios e capital da Caixa Geral de Depósitos (CGD) com a DG [Direção-Geral da] Concorrência foram feitas pelo Governo, em colaboração com o Dr. António Domingues. Essas interações, que foram sempre lideradas pelo Governo, através do Secretário de Estado Adjunto do Tesouro e Finanças e membros do seu gabinete, são há muito do conhecimento público", referiu o ministério tutelado por Mário Centeno.

E acrescentou: "Estas reuniões foram fundamentais para a definição das condições iniciais do plano de negócios, em particular dos elementos de ausência de ajuda de Estado, e determinantes para o seu sucesso num curto espaço de tempo, que conduziu à sua aprovação em 23 de Agosto".

O Governo realçou ainda que "a nomeação da administração da CGD é um elemento do processo de recapitalização e reestruturação" e que "só podia nomear uma administração que apresentasse um plano com o qual concordasse e que fosse viável, desde logo junto das autoridades de concorrência europeias".

As Finanças remataram ainda que "o Governo continuará determinado na solução dos problemas do sistema financeiro, em particular nos que não foram resolvidos e que, por isso, foram acumulados".

O Governo já veio hoje negar que António Domingues estivesse na posse de informação privilegiada sobre a CGD quando participou, como convidado, em três reuniões com a Comissão Europeia para debater a recapitalização do banco, segundo declarações citadas pela rádio TSF, do secretário de Estado Adjunto, do Tesouro e Finanças, Ricardo Mourinho Félix.

Ao impasse em torno da entrega das declarações de rendimentos pela nova administração da CGD, junta-se agora esta nova polémica que já levou também hoje o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, a dizer que se impõe ao Governo, e nomeadamente ao primeiro-ministro, um "esclarecimento urgente" sobre tais encontros em Bruxelas.

Também a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, reiterou hoje que não houve "acesso a qualquer informação confidencial" nas reuniões que António Domingues manteve com a Comissão Europeia antes de assumir a presidência do banco estatal.

Contactada pela Lusa, fonte oficial da CGD não quis prestar quaisquer declarações.