O estudo, que será hoje apresentado na 5.ª Conferência Franco-Portuguesa, organizada pela Embaixada de França em Portugal, explica que, nos anos de assistência financeira a Portugal, Espanha perdeu força e reduziu em mais de 26% o investimento em Portugal, enquanto as empresas francesas em Portugal cresceram 2,5%, com os investidores franceses a mostrarem confiança no país continuando os seus investimentos.

Os dados de 2015 sublinham que em valor acrescentado bruto (VAB) "França lidera os três principais setores" - comércio, transportes e armazenagem e informação e comunicação - continuando a liderança espanhola no setor da construção e imobiliário.

"França é o primeiro contribuinte em valor acrescentado gerado, apesar de ter menos empresas que Espanha, o parceiro histórico", lê-se no estudo.

A análise centra-se também nas empresas francesas que estão no top 100 das empresas em Portugal, sendo a Meo, da Altice, que comprou em 2015 a PT Portugal, a primeira empresa francesa naquele 'ranking'.

A esta somam-se outras da distribuição, como a Auchan, o Intermarche e a FNAC, prevendo esta última abrir pelo menos mais cinco lojas até 2018, num investimento que rondará os cinco milhões de euros, do setor automóvel, como a Faurecia, a Renault e a Peugeot, dos transportes, dando como exemplo a ANA, comprada pela Vinci, e dos serviços, como a Teleperformance e o BNP Paribas.

O documento reforça que França "mantém uma posição de topo na economia portuguesa" e, segundo informação de março de 2016, é o primeiro investidor estrangeiro em termos de investimento indireto, ocupando no entanto a quinta posição para os investimentos diretos. Em 2015, investiu oito mil milhões de euros.

Cerca de 12% das empresas estrangeiras implementadas são francesas, sendo que 30% estão em Portugal há mais de 20 anos.

Quanto à origem do capital, França é o segundo país mais relevante, depois de Espanha, sendo seguida pelos Estados Unidos, Alemanha e China, ocupando ainda as filiais francesas o segundo lugar - também depois da vizinha Espanha - em número de empresas, empregados e volume de negócios.

Portugal surge também como "a plataforma europeia ideal", pois "além de fazer parte da União Europeia, tem uma fiscalidade atrativa, boas infraestruturas e uma boa relação qualidade/preço no que respeita à mão de obra".

Por seu turno, "as filiais francesas oferecem boas condições de trabalho e espaço para inovação", diz o estudo, mas ressalva que Portugal "pode ser mais atrativo se for mais flexível".

A cultura, a qualidade de vida e a proximidade geográfica são os principais atrativos para os franceses, indica o documento, avançando que estes ocupam o terceiro lugar entre os turistas que visitam Portugal, número que atingiu os 1,3 milhões em 2016.

Além disso, existem mais de 5.000 reformados franceses em Portugal, sendo de lembrar que as pensões estrangeiras têm isenção de IRS durante dez anos.

Os dados revelam ainda que os franceses investiram dois mil milhões de euros em imóveis, sendo que dois terços deste valor só na região do Algarve.

Destaque o ecossistema emergente de 'startups' (novas empresas com rápido potencial de crescimento), que, segundo o estudo, "representa uma oportunidade para acelerar o desenvolvimento de negócios através do digital e das parcerias".

A 5.ª Conferência Franco-Portuguesa contará com a presença do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, do ministro francês da Economia e das Finanças, Michel Sapin, do Embaixador de França, Jean-Michel Casa, do Presidente da Caixa-Geral de Depósitos, Paulo Macedo, do Presidente dos Conselheiros do Comércio Externo de França em Portugal, Pierre Debourdeau, entre outros.