Os brasileiros estão de olho em Portugal. Empresários, investidores e empreendedores são a nova vaga vinda do outro lado do Atlântico. “Os brasileiros querem vir abrir empresas depois da febre do imobiliário. Não é sé comprar casa. Querem investir e trazer valor”, afirmou ao SAPO24 Nuno Rebelo de Sousa, presidente da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil.

Foi com esse propósito que Rebelo Sousa liderou uma comitiva “com cerca de 70 empresários, investidores, fundos, empreendedores e poderes públicos brasileiros (organismos estatuais e municipais de vários Estados)” que vieram a Lisboa a “propósito da Web Summit”, sublinhou o presidente da Federação que reúne 14 Câmaras de Comércio no Brasil (espalhadas de Manaus a Rio Grande do Sul).

O ecossistema de startups que se vive em Lisboa, e os exemplos nacionais servem de fonte de aprendizagem, é palco de oportunidades de negócio para investidores e empreendedores que falam português.

Depois de uma presença “mais circunstancial” na primeira edição da feira tecnológica de Lisboa, Nuno Rebelo de Sousa adiantou que este ano alargaram a comitiva e reforçaram a agenda. “Vieram perceber o que é o Portugal 2020 e qual o papel do IAPMEI [Agência para a Competitividade e Inovação], ver quais os incentivos para replicar no Brasil”, começou por explicar o filho do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

A missão brasileira passou pelo “Hub do Beato”, recolheu informações com o unicórnio português – “Farfetch” – e com “a Uniplaces”, ouviram na primeira pessoa explicações sobre o funcionamento das startups e “o percurso feito”, esteve na “Portugal Ventures” e “foi recebida pela Câmara Municipal de Lisboa (Programa Lisboa Aberta), na Secretária de Estado (SE) da Internacionalização e SE da Indústria” e estabeleceu “diversos co-works”, enumerou Rebelo de Sousa que está há sete anos no Brasil (na EDP) é igualmente vice-presidente da Câmara Portuguesa São Paulo.

“A ideia é sentir o ecossistema português. O Brasil gostava de fazer algo semelhante”, resumiu Rebelo de Sousa que explicou ainda que dos 70 elementos que viajaram foi feita uma “shortlist de 25 com mais ligações a poderes públicos, investidores e fundos” e que foram objeto de “um programa à parte e aditivo em relação aos outros”.

Recordando que o papel da Federação é “apoiar o relacionamento entre Portugal e o Brasil” deixa uma nota final: “as empresas brasileiras querem vir para Portugal e é uma vontade que se alarga a todos Estados brasileiros”, garantiu.

“Depois do “fala-fala”, espero assinar negócios”

Fábio Pegas, brasileiro, está em Portugal há dois anos. É advogado. Faz parte igualmente de uma poule de investidores que marca presença em Paulo Alto, São Francisco, Estados Unidos da América.

Em conversa com o SAPO24 diz ser “impressionante o grau de conhecimento em São Francisco do que se passa em Lisboa e da Web Summit”. Por isso está a tentar fazer “a ponte entre as duas cidades e os dois ecossistemas tecnológicos”, adianta. “Nos Estados Unidos existe capital. Aqui estão as ideias. Muitas. A minha missão é tentar fazer essa ponte, entre empresas e investidores brasileiros e Portugal”, sublinha o advogado.

Deixa claro que a emigração brasileira está a mudar. “Depois dos aposentados estão a vir os empreendedores”, reforça. Em especial da “indústria farmacêutica e das energias renováveis” que olham para Portugal como, como “hub para exportar e como hipótese de voo internacional”. Afastado está de vez o olhar brasileiro sobre Portugal de um “país agrícola e de turismo. Isso já passou”, afirma.

Daniella Meirelles veio a Lisboa e à Web Summit integrada na comitiva liderada por Nuno Rebelo de Sousa. CEO de duas empresas, DBrand e GetYuppy, veio a Lisboa com duas startups: A AgroTech e Envimote. Atuam na área agrícola e apresentaram-se na Web Summit para procurar investimento e perceber o ecossistema de empreendedorismo nacional.

Faz um balanço positivo da experiência e da viagem. Acumulou “bastantes contactos e reuniões” e estabeleceu contactos com “investidores e parceiros portugueses e brasileiros”.

Agora espera voltar em breve depois de estabelecido esta rede de relacionamento. “Agora vamos ver ... depois do “fala-fala”, espero assinar negócios”, atira. E “o mercado está favorável”, reconhece.