"Estou seguro que a CGD não perderá dinheiro com aquele ativo. Os ativos imobiliários, tal como desvalorizaram, agora estão a valorizar. O 'resort' teve condições para pagar 100 milhões de euros enquanto as condições eram muito difíceis", assinalou Vara.

"Vai ser vendido no mínimo pelo valor que a CGD lá colocou, mas atrevo-me a pensar que vai ser vendido acima desse valor", lançou o responsável durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito ao banco estatal.

Vara revelou que, antes da crise do 'subprime', iniciada nos Estados Unidos (EUA) em 2007 e que levou à crise financeira e económica recente, o financiamento ao empreendimento algarvio "estava a ser disputado por várias entidades".

E realçou: "As garantias superavam largamente o montante que estava a ser pedido à CGD".

O gestor apontou para um relatório da consultora KPMG que "dizia que Vale do Lobo valia mais de 400 milhões de euros", reforçando que a Deloitte confirmou esse valor.

"No primeiro ano o 'resort' vendeu 50 casas. Até 2013 pagou 100 milhões de euros à CGD. Foi um dossiê bem pensado, que nós fizemos questão que ficasse na CGD quando havia outros bancos interessados. Mas, com o 'subprime', a primeira coisa que se deixou de comprar foram casa de férias", sublinhou.

Já sobre o financiamento concedido à espanhola La Seda, Vara disse que "a CGD envolveu-se porque acreditava no projeto e no potencial para o país".

E assegurou que "aquela decisão [de conceder crédito] era racional senão não tinha sido aprovada".

Questionado sobre as razões que levaram a La Seda a falhar os compromissos com a CGD, Vara disse desconhecer as mesmas porque já não estava na CGD "há anos", mas voltou a apontar para a grave crise económica que se seguiu.

"Até fico estupefacto com a questão que me fez", atirou Vara dirigindo-se ao deputado do CDS João Almeida.

"O que aconteceu entre 2008 e 2010? Não se lembra do 'subprime', do Lehman Brothers, da AIG? Ó senhor deputado, francamente, caramba. Nessa altura eu estava no BCP e sei bem a falta de liquidez que havia. A culpa não foi da AIG, foi das circunstâncias que ocorreram. É muito fácil saber o resultado depois do jogo", vincou.