“A avaliação global requer pelo menos que o ano do exercício termine, portanto está prevista a apresentação de um estudo a desenvolver pelo ISEG e por uma consultora de renome, que será apresentado no próximo ano”, de forma a que “esse trabalho seja consistente e sólido”, mas “até ao final do ano” será possível “ter já uma estimativa mais aproximada daquilo que é o retorno”, afirmou Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP).

O autarca falava na apresentação do relatório final da JMJ, elaborado pelo executivo, numa reunião da 1.ª comissão permanente, em conjunto com a subcomissão da JMJ, da Assembleia Municipal de Lisboa.

Segundo a autarquia, o gasto com a JMJ ficou um milhão de euros abaixo do orçamento estimado de 35 milhões de euros, nos 33,9 milhões.

Do montante global da despesa com a JMJ, cerca de 23,6 milhões são investimento que fica para o futuro da cidade, nomeadamente Parque Tejo-Trancão (12,35 milhões), ponte ciclo-pedonal sobre o rio Trancão (4 milhões), equipamentos para o Regimento Sapadores de Bombeiros, Polícia Municipal e Proteção Civil Municipal (5,89 milhões), obras no espaço público, incluindo reparação de instalações sanitárias (970 mil euros).

A autarquia considerou que “apenas 10,4 milhões de euros são custo que se esgota com o evento JMJ” e, dos 236 procedimentos de contratação pública realizados, 15,3 milhões de euros foram através de concursos públicos, 14,4 milhões através do regime de exceção consagrado no Orçamento do Estado, e 2,2 milhões através de outros tipos de procedimentos do regime geral de contratação pública.

“Mais de metade do volume do investimento foi feito através de concurso público, cerca de 15,3 milhões de euros, e 14,4 [milhões] através de ajuste direto”, salientou Anacoreta Correia, na comissão da assembleia municipal.

“Se tivermos em conta que foram feitos 236 procedimentos, dos quais 206 foram por ajuste direto, percebemos que o valor médio do ajuste direto é da ordem dos 60 mil euros, ou seja, os grandes valores que foram contratados foram assegurados por concurso público”, sublinhou.

O vice-presidente admitiu que o ajuste direto “é uma prática habitual em todos os grandes eventos que no passado o país organizou”, que “tem muito a ver com o facto de haver um calendário fixo para a realização dos eventos”, mas frisou que a autarquia decidiu fazer “sempre uma consulta preliminar” nos procedimentos realizados.

“Fizemo-lo com menor custo e fizemo-lo com transparência”, vincou.

Além disso, a dispensa de fiscalização prévia do Tribunal de Contas não significou ausência de fiscalização, já que informação relativa a todos os procedimentos da JMJ foi enviada para o Tribunal de Contas no decorrer do processo.

Em relação ao retorno, o autarca apontou desde já os “indicadores de projeção” do evento, com as “234 mil menções por dia à Jornada Mundial da Juventude e à cidade de Lisboa nas redes sociais”, e a RTP a realizar “mais de 235 horas de cobertura dos eventos para os cinco continentes”, em 160 países.

“A JMJ e os seus programas foram acompanhados por cerca de 500 milhões de lares em todo o mundo”, referiu Filipe Anacoreta Correia, apontando como exemplo da dimensão a cobertura televisiva do Euro 2004 junto de “150 milhões de lares”.

No turismo, o autarca realçou que Lisboa fechou o mês de agosto ultrapassando 2019 com mais 37,6% em proveitos globais.

Segundo dados do Observatório do Turismo de Lisboa e do Infogeste, face a 2022, fecha com mais 19,4% em hóspedes e mais 31,7% em proveitos.

“Há todo um legado, para além do mais, que tem a ver com aquilo que a cidade muda”, considerou Anacoreta Correia, nomeadamente no Parque Tejo, obra “que muda a cidade e ficará também associada a esta realização” da JMJ, que permitiu que fossem mobilizados “todos os esforços” para um parque urbano, que “alarga a oferta da cidade”.

A presidente da 1.º comissão permanente da assembleia municipal, Irene Lopes (PS), explicou que será marcada uma nova reunião após os deputados municipais terem “lido e estudado” o relatório “para serem apontadas as questões mais específicas”, ainda “antes da discussão do orçamento” da Câmara de Lisboa.

A JMJ é o maior encontro de jovens católicos de todo o mundo com o Papa e este ano realizou-se em Lisboa na primeira semana de agosto, com a presença de cerca de 1,5 milhões de pessoas.