"Preocupa-me bastante que possa vir da parte da atual maioria parlamentar um conjunto de medidas que desanimem os investidores e Portugal precisa como pão para a boca de investimento", declarou Pedro Santana Lopes.

O candidato a presidente do PSD falava aos jornalistas no final de um encontro com o vice-presidente da Confederação da Indústria Portuguesa, Almeida Lopes, em Lisboa, no âmbito de uma ronda de reuniões que terá esta semana com os parceiros sociais.

Entre os temas abordados, Santana Lopes destacou a "legislação laboral", que considerou "questão angular" para aferir da capacidade do atual governo PS para "sustentar" o investimento "apesar da maioria que o apoia", referindo-se aos partidos da esquerda parlamentar.

Santana Lopes apontou as leis relativas ao "banco de horas, contratos a termo, quer para jovens quer para desempregados de longa duração, contratação coletiva" como as áreas em que receia que possa haver medidas "ao arrepio da necessidade de mais investimento".

A necessidade de estabilidade fiscal para atrair mais investimento externo "numa altura em que o investimento público tem estado retraído", a qualificação dos recursos humanos e a capitalização das empresas foram outros temas analisados na reunião.

Pedro Santana Lopes reiterou a defesa de políticas de "estímulo fiscal" para as zonas atingidas pelas catástrofes recentes, mas também para as zonas de desertificação do território, sugerindo "nalguns casos a isenção da tributação sobre as empresas" para encaminhar o investimento para as regiões.

Questionado sobre o sentido das suas afirmações quando elogiou, em entrevista ao DN, o trabalho do ministro das Finanças, Mário Centeno, e sobre se o elogio poderá causar mal-estar na bancada do PSD, Santana Lopes respondeu que não é o “estilo de pessoa e de líder político” que “diz mal de tudo”.

O candidato, ex-primeiro-ministro, frisou que o facto de considerar importante que haja poupança e que se atinjam os objetivos “não significa menos consideração pelo trabalho desenvolvido pela bancada parlamentar” do PSD.

“O grupo parlamentar do PPD/PSD só tem o meu reconhecimento e admiração pelo trabalho todo que tem desenvolvido. Só considero que deve ser explicado que todos os governos cativam, só que alguns cativam mal”, disse.

Segundo Santana Lopes, “uma coisa são as cativações e poupanças, outra coisa é o seu mau uso” e a “falta de transparência” que, frisou, o PSD tem criticado.

As eleições diretas para a liderança do PSD realizam-se em 13 de janeiro.