As duas manifestações são promovidas pela ALBOA (Associação dos Lesados Banif).

O protesto de Lisboa reúne, ao início da tarde, pessoas de todo o continente, com autocarros a sair de diversas cidades em direção à capital, onde terminará com a entrega de uma carta no Gabinete do Primeiro-Ministro.

No Funchal, o protesto decorre durante a manhã, entre o Banco de Portugal e a Assembleia Legislativa Regional da Madeira.

A 19 de dezembro de 2015, o Banco de Portugal optou pela resolução do Banif, tendo então vários clientes percebido que os produtos em que investiram (como obrigações) não eram protegidos e que tinham perdido o dinheiro.

Segundo o código de valores mobiliários, desde o conhecimento desses problemas os clientes lesados tinham dois anos para mover ações judiciais contra os emitentes desses produtos ou quem os comercializou.

O prazo para serem movidas ações contra o próprio Banif ou outras entidades que emitiram obrigações que o Banif vendeu, como Banif Finance ou Rentipar, terminou na terça-feira.

Os lesados que queiram pôr ações contra entidades públicas, como o Banco de Portugal ou a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, ao abrigo da responsabilidade civil destas, têm mais um ano para o fazer.

A associação de lesados do Banif Alboa tem vindo a advertir os investidores que compraram produtos financeiros do Banif, que acarretaram perdas, para colocarem ações judiciais contra aqueles que consideram responsáveis pela venda de produtos, até para garantirem a salvaguarda dos seus direitos judiciais e a participação em soluções que minorizem as perdas.

Em causa estão cerca de 3.500 investidores, em grande parte oriundos das regiões autónomas da Madeira e dos Açores e das comunidades portuguesas na África do Sul, Venezuela e Estados Unidos, que perderam 263 milhões de euros, segundo a Alboa.

O primeiro-ministro, António Costa, disse em julho que havia “vontade política de responder a uma situação gravíssima”, considerando que é “evidente” que essas pessoas “fizeram confiança num sistema que as aldrabou".

A Alboa tem dito várias vezes que entre os obrigacionistas do Banif estão muitos clientes de poucas habilitações que, persuadidos pelos comerciais do banco, transferiram poupanças de depósitos para obrigações, e dá mesmo exemplo de “situações vividas nos Açores, onde testemunhas referem que os comerciais bancários se deslocaram com frequência até aos campos de pastorícia de gado" para venderem as obrigações.