“Para o próximo ano esperamos que as receitas rondem os 200 mil milhões [de patacas]. Não muito mais do que este ano, o valor vai ser mais ou menos igual. Na economia mundial, na conjuntura geral, ainda existe muita incerteza para o próximo ano”, disse hoje o chefe do executivo de Macau, Chui Sai On, numa conferência de imprensa sobre as Linhas de Ação Governativa (LAG) para 2017.

Na mesma ocasião no ano passado, quando as receitas dos casinos já caíam há mais de um ano, Chui fez uma previsão também de 200 milhões de patacas para 2016. No entanto, os casinos — o pilar da economia local — somam já (até final de outubro) receitas de 184 mil milhões de patacas (cerca de 21 mil milhões de euros), numa média mensal de 18,4 mil milhões de patacas (2,1 mil milhões de euros), fazendo antever que esse valor seja ultrapassado.

A descida das receitas dos casinos iniciada em junho de 2014 durou 26 meses e terminou em agosto passado, quando voltaram a subir.

Apesar da previsão moderada para 2017, o líder do Governo disse esperar um “desenvolvimento saudável” da economia, alicerçada no setor do jogo.

“Depois de tantos meses de descida, no próximo ano temos confiança de voltar a ver um crescimento positivo (…) Podemos prever uma recuperação, um crescimento positivo, embora de um só dígito”, disse, referindo as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), que antecipou um aumento de 0,2% do PIB, após uma queda de 4,7% em 2016.

Ainda no âmbito económico, Chui disse que o Governo vai estudar o futuro do chamado plano de comparticipação pecuniária, um cheque anual dado aos residentes de Macau desde 2008 — que desde 2015 que se mantém nas nove mil patacas (cerca de mil euros) para residentes permanentes e 5.400 (627 euros) para não permanentes.

Questionado sobre se este plano irá passar de uma medida temporária a permanente, respondeu que “é altura de efetuar um estudo”.

“Quais as medidas [de apoio à população] que podem ser convertidas [em permanentes]? Depende da situação financeira. Será que devemos ajustar este apoio ou cancelá-lo? Se cancelássemos ia haver com certeza uma reação negativa”, disse Chui, referindo-se a uma medida particularmente popular.

No entanto, disse também que “manter a medida para sempre, todos os anos, (…) pode ser um peso para a sociedade”. “É altura de efetuar um estudo”, rematou.

Em relação ao metro — uma das grandes obras públicas em execução –, o líder do Governo garantiu que haverá uma linha na península de Macau.

A obra do metro já avança na Taipa, mas o traçado na península continua por decidir e no mês passado deputados pediram mesmo ao Governo que abdique da construção.

Hoje, Chui garantiu que tal não vai acontecer: “Haverá de certeza uma ligação a Macau. Da Taipa, [o metro] vai até à Barra, de certeza. A partir da Barra para [o centro] de Macau, ainda vamos estudar como. Mas um cancelamento da linha de Macau, não”.

Quanto ao anunciado programa de formação de quadros profissionais de língua portuguesa, disse esperar fazer “um estudo científico para conhecer qual o número de quadros qualificados” necessários.

Reiterando o desígnio político de Macau para ser uma plataforma entre a China e os países lusófonos e um centro de ensino do português na Ásia, salientou também a importância da “procura do mercado”.

“Será que o mercado pode oferecer e dar um estímulo para as pessoas estudarem a língua portuguesa? Acho que depende do mercado (…). Claro que o Governo [também] tem essa responsabilidade e Macau reúne essas condições. Estou convicto que vamos conseguir fazer isso”, afirmou.