"É uma decisão absolutamente crucial", considerou Centeno numa entrevista concedida à RTP1, apontando para o percurso de consolidação das contas públicas que o Governo tem feito ao longo dos últimos dois anos com o objetivo de "criar condições para que a redução dos custos de financiamento seja uma realidade".

Nessa medida, a subida do 'rating' "traz uma solidez adicional a este processo", vincou, acrescentando que a saída do nível de 'lixo' "é só um momento, mas muito marcante".

O governante mostrou-se confiante que esta mexida no 'rating' para um nível de investimento vai alargar a base de investidores em dívida soberana portuguesa, permitindo que "baixem os custos de financiamento do Estado e, por transmissão, também os custos para as empresas e famílias sejam reduzidos".

Além disso, Centeno assinalou que "a política monetária está a mudar", pelo que é "importante" o país estar preparado para um novo ciclo em que as taxas de juro comecem a subir.

Questionado sobre se acredita que a Fitch e a Moody's vão seguir a decisão da S&P e melhorar o 'rating' [classificação de risco] atribuído a Portugal, Centeno respondeu afirmativamente.

"As expectativas que temos, agora de forma mais sólida, é que as restantes agências façam o mesmo trajeto", sublinhou, dizendo que a próxima avaliação da Fitch está agendada para o final do ano e que a da Moody's deve ocorrer nos primeiros meses do próximo ano.

"É expectável que esta decisão [da S&P] acelere o processo", considerou, destacando que os esforços do Governo para resolver os problemas do setor financeiro e para melhorar as contas públicas foram decisivos para a subida do 'rating'.

E reforçou: "Este é um processo longo e este é só um momento, mas um momento decisivo".

Segundo o ministro, é crucial que Portugal continue o seu trajeto de consolidação orçamental.

"Os portugueses estão muito cientes da exigência deste processo, que não pode ser interrompido", assinalou.

Paralelamente, Centeno foi questionado sobre as notícias que o apontam como o possível futuro presidente do Eurogrupo, e se esse cargo é compatível com o que desempenha atualmente enquanto titular da pasta das Finanças.

"A presidência do Eurogrupo é um lugar que é ocupado por um ministro das Finanças da área do euro. O objetivo é nacional. Mais importante do que presidir o Eurogrupo é que os ideais que Portugal tem para a Europa sejam discutidos", afirmou.

"O meu foco são as contas públicas portuguesas e a estabilização da economia. E vai continuar a ser mesmo que um dia Portugal possa vir a ter a presidência do Eurogrupo", rematou.

A Standard & Poor's (S&P) decidiu rever em alta o 'rating' atribuído à dívida soberana portuguesa de 'BB+', a nota mais elevada de não investimento, para 'BBB-', a mais baixa de investimento, dispensando o passo intermédio habitual de subir a perspetiva, de 'estável' para 'positiva' antes de o fazer.

As previsões da economia a crescer 2% em média até 2020, um défice de 1,5% este ano e menos riscos no acesso ao financiamento levaram a agência de notação financeira S&P a tirar Portugal do 'lixo', uma decisão que foi anunciada na sexta-feira.