O Banco de Empresas Montepio (BEM) foi criado em 2019 e, entretanto, foi integrado na casa-mãe. A atividade (ativos e passivos) e os trabalhadores estão a ser integrados na casa-mãe desde início do ano, pelo que o que compra a Rauva são as ações e, logo, a licença bancária.

“Adquirir uma entidade que tem capacidade de operar num determinado mercado tem valor”, afirmou Pedro Leitão na conferência de imprensa, hoje em Lisboa.

Pedro Leitão não divulgou o valor exato da venda, referindo que não está completamente fechado, mas afirmou que “terá como referência um múltiplo de entre 1,15 vezes a 1,18 vezes os capitais próprios do BEM à data da conclusão da operação”, que estão estimados em 30 milhões de euros. Ou seja, segundo esta informação, a venda deverá ser feita por cerca de 35 milhões de euros.

O Montepio não indica qual o impacto da venda nos resultados do Banco Montepio.

Quanto à integração na casa-mãe da atividade e trabalhadores do Banco de Empresas Montepio, o gestor afirmou que “o processo está em curso desde 02 janeiro” e disse esperar fechar este ano com esta integração completa. Questionado sobre se haverá saídas de trabalhadores na sequência da venda, afirmou que os funcionários são necessários para continuar a gerir o negócio.

“O nosso objetivo é preservar e potenciar o modelo de negócio do Banco Montepio. O Banco de Empresas e o banco de investimento juntos como proposta de valor provou ser um bom negócio, para nós o objetivo é capturar todo esse valor e as pessoas que hoje executam e integram essas áreas de negócio são transferidas para o Banco Montepio”, disse.

O Banco Montepio afirma que, com esta operação, dá mais um passo no plano de ajustamento e num dos seus objetivos que é a simplificação do grupo.

Pela Rauva, o co-fundador Jon Faith afirmou que esta é uma ‘fintech’ (empresas tecnológica de serviços financeiros) criada por vários empresários para prestar serviços financeiros a pequenas e médias empresas e que o objetivo é que a Rauva tenha licença bancária em Portugal e depois se possa expandir para mais mercados europeus.

“A ideia é criar uma proposta, em Portugal primeiro, e depois expandir para o resto do território europeu”, disse.

Segundo o mesmo responsável, a Rauva, uma ‘start-up’ com sede em Lisboa, já “ajudou 100 empresas a começar a sua atividade” e quer aumentar o negócio. A equipa, afirmou, conta com trabalhadores de 12 nacionalidades (a maioria portugueses) e será aumentada com mais contratações no setor bancário.

O acordo de venda do BEM à Rauva foi formalizado hoje com a assinatura do contrato de compra e venda de ações, que ainda está sujeito às autorizações do Banco de Portugal e Banco Central Europeu para então ser concretizado o negócio (deverá demorar alguns meses).

O Banco Montepio (detido pela Associação Mutualista Montepio Geral) teve prejuízos de 48,3 milhões de euros no primeiro semestre (lucros de 23,3 milhões de euros no período homólogo de 2022), um resultado negativo que o banco justificou com a venda da participação de 51% no Finibanco Angola (devido a reciclagem da reserva de cambial). Já o resultado líquido recorrente (sem esse impacto) foi positivo em 67,8 milhões de euros.