"Os dados que foram agora divulgados pelo INE [Instituto Nacional de Estatística] não trazem grande novidade, não trazem um dado que não fosse esperado", considerou Passos Coelho, em declarações aos jornalistas à margem de uma ação de campanha autárquica na Batalha.

Por outro lado, salientou, os dados do Instituto Nacional de Estatística revelam que a economia em 2015 - último ano do Governo que liderou - foram de 1,8% em vez do 1,6% até agora registado.

"O desempenho da economia em 2015 foi ainda mais robusto e isso ainda deu uma ajuda para 2016", defendeu Passos Coelho.

O líder do PSD alertou, por outro lado, que os números do INE trouxeram "outra incógnita", qual vai ser o impacto da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) no valor do défice.

"O primeiro-ministro disse reiteradamente que o impacto seria nulo", alertou, admitindo que esses impactos são habitualmente apenas para o passado.

Para o futuro, Passos Coelho disse esperar que a economia possa crescer mais, mas alertou que o Governo terá de fazer diferente para que tal aconteça.

"Estamos a crescer bastante mais porque fizemos no passado por isso, todos, se queremos crescer mais em 2018, 2019, 2020, temos de ter mais captação de investimento e políticas reformistas", defendeu.

Questionado se os números divulgados pelo INE não dificultam a tarefa da oposição, Passos Coelho considerou, pelo contrário, que estes lhe dão razão.

"É sempre bom para qualquer português que os dados da saúde económica sejam positivos", disse, avisando, contudo, que "não há milagres" e que os números do défice foram resultado de cortes no investimento.

Para Passos Coelho, os dados demonstram a coerência do PSD, que sempre assumiu que "não era possível sol na eira e chuva no nabal".

"Eu estou muito confortável, quem está hoje no Governo é que está aflito", disse, questionando se no próximo ano será possível manter este nível de crescimento.

Interrogado sobre um alerta que terá feito numa reunião fechada sobre "a vinda do diabo", Passos negou que alguma vez tenha prognosticado "o caos no país".

"O que tem acontecido é a preocupação imensa deste Governo querer colar ao presidente do PSD, que foi primeiro-ministro, em tempos de crise uma visão catastrofista que eu não tenho", lamentou.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou hoje que o défice orçamental foi de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre deste ano, um valor que é inferior aos 3,1% registados no período homólogo e que não conta com efeito da recapitalização da CGD - cujo impacto contabilístico ainda está a ser discutido entre o INE e a autoridade estatística europeia, o Eurostat.