Estas críticas foram feitas por Jerónimo de Sousa em conferência de imprensa, no final da reunião do Comité Central do PCP, após ser confrontado com a posição do primeiro-ministro, António Costa, em matéria de tributação de lucros excessivos por parte de empresas do setor de energia na atual conjuntura de aumento da inflação

“Não sei o que pensa o primeiro-ministro, mas estamos de facto perante uma situação inaceitável”, respondeu o secretário-geral do PCP.

Para o líder do PCP, nesta conjuntura em que se “começam a sentir-se as consequências de uma vida cara, com um aumento do custo de vida a diversos níveis”, o executivo do PS prefere apelar “ao sacrifício dos trabalhadores e dos reformados, falando-se da inflação como um castigo divino”.

“E quem tem de pagar a inflação são os salários, as reformas e as pensões”, completou.

Jerónimo de Sousa referiu-se em seguida “ao drama de muitas pequenas e médias empresas, que estão numa situação de aflição em termos de tesouraria e contabilidade, em termos de desenvolvimento da sua própria produção”.

“Perante isto, o que cada português pensará deste escândalo? Quando se começam a verificar fraturas sociais, tendo em conta o aumento do custo de vida, não há uma palavra em relação a estes lucros obscenos num quadro de grandes dificuldades”, criticou.

O secretário-geral do PCP defendeu que “parte substancial desses lucros inesperados, fabulosos, deverá servir para investir no aumento da produção nacional e para ter em conta preocupações sociais”.

“O PCP não defende um número rigoroso, inflexível [de aplicação de taxa], mas consideramos que o Governo deveria tomar a iniciativa, tendo em conta que não há nenhum argumento económico ou de outra ordem que justifique esta situação de escândalo e de privilégio por parte de uns quantos grupos económicos que estão a arrecadar milhões e milhões de euros de lucro”, acrescentou.