“O objetivo da minha visita foi programar conjuntamente os próximos passos. O foco deve estar na aplicação das reformas. Não é suficiente adotar uma reforma, é preciso aplicá-la”, sublinhou Moscovici numa conferência de imprensa em Atenas.

O comissário sublinhou que chegou a hora para que a economia e a sociedade, que sofreram muito nos anos da crise, tirem benefício das reformas e citou como exemplos do que se deve fazer a melhoria da liquidez da economia, o progresso das privatizações e a criação de um sistema de proteção social “eficaz”.

“Seria um erro se a Grécia parasse o processo das reformas”, advertiu Moscovici e adiantou que está contente por ter recebido “garantias de que isto não ocorrerá”.

O comissário sublinhou que a Comissão Europeia (CE) pedirá às instituições credoras para respeitar os seus compromissos de aliviar a dívida grega quando vencer o programa de resgate.

Em relação ao teste de hoje da Grécia nos mercados financeiros com uma emissão de dívida a cinco anos, a primeira em três anos, o comissário comentou que foi possível porque o país recuperou confiança graças a vários fatores.

Entre estes fatores, Moscovici citou o encerramento da segunda avaliação do resgate, que implicou “muitas e dolorosas medidas de ajustamento”, a do país de processo por défice excessivo e o apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI), que na semana passada aprovou um crédito de precaução de 1.600 milhões de euros.

“A mensagem para os mercados é de que a Grécia cumpre os seus compromissos”, sublinhou o comissário.

Questionado sobre se considera a participação do FMI no programa de resgate, Moscovici sublinhou que a presença é necessária “por razões políticas e simbólicas” e mostrou-se otimista em que, com diálogo, a presença se conseguirá acercar posições divergentes face ao excedente primário entre o FMI e os europeus.

O FMI continua a considerar inviável o objetivo do Eurogrupo de que a Grécia alcance um excedente primário de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) até ao ano de 2022 e de 2% em média nos anos posteriores e defende que um objetivo realista seria uma média de 1,5% durante todo o período.

Os resultados do leilão da emissão de dívida da Grécia serão conhecidos às 16:00 locais (13:00 TMG).

A Grécia emite dívida a cinco anos, com data de vencimento em 2022, depois de contratar os serviços do Goldman Sachs, Citi, Deutsche Bank, HSBC, BNP Paribas e o Bank of America-Merrill Lynch.

A Grécia foi o primeiro país da zona euro a receber ajuda devido à crise financeira e o único que conta três planos de resgate, os dois primeiros aprovados em 2010 e 2012 num montante conjunto de 240.000 milhões de euros e um terceiro acordado em 2015.

Durante o terceiro resgate o Governo grego tem estado a ser tutelado pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE), o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MED) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) e levou a cabo um plano de ajustamentos da economia que tem sido contestado por todos os setores sociais.