A partir de segunda-feira, o litro de gasóleo vai aumentar cerca de 11,5 cêntimos, enquanto o litro de gasolina deverá custar mais sete cêntimos, naquela que é a maior subida das últimas seis semanas.

Perto da hora de almoço, num posto de combustível “low-cost”, em Alfragide, as filas já contavam com dezenas de carros, mas os tempos de esperam, regra geral, foram reduzidos.

“Isto é uma pouca-vergonha todas as semanas. Estão a fazer a guerra é com o povo daqui […]. Isto põe-me todos os dias nervoso, à beira de uma doença. Os portugueses estão a pagar uma fatura que não devem pagar”, afirmou Luís Lopes, de 81 anos, em declarações à Lusa, naquele posto de abastecimento.

Para Luís Lopes, quem está a ser beneficiado com estas subidas são os “magnatas” do setor e “o Governo deve pôr mão nisto”.

Maria de Jesus Almeida, por sua vez, aproveitou para atestar o automóvel antes de uma nova subida e, apesar das filas, garantiu que o tempo de espera não foi superior a 10 minutos.

“Nada disto é justificável e já é a todos os níveis. É uma máfia com a desculpa da guerra, mas nada justifica esta especulação”, assinalou, notando que “dar mais dinheiro aos contribuintes” pode ser uma ajuda imediata, mas não a solução para o problema, uma vez que as pessoas não vão poupá-lo.

Conforme referiu, o valor dos apoios também “não é significativo” e “tudo tem que passar pela educação. As pessoas têm que aprender a gerir aquilo que têm e não o que não têm”.

Apesar dos aumentos, Maria de Jesus Almeida disse que continua a usar o carro todos os dias e a abastecer a mesma quantidade de combustível, uma vez que precisa da viatura para se deslocar para o trabalho.

Carlos Oliveira é cliente assíduo desta gasolineira, onde se desloca, pelo menos, duas vezes por dia, para abastecer o seu TVDE (Transporte Individual e Remunerado de Passageiros em Veículos Descaracterizados, a partir de Plataforma Eletrónica).

Este profissional lembrou o exemplo de Espanha, sublinhando não entender as constantes subidas e descidas no preço dos combustíveis.

Já no que se refere às ajudas do executivo, Carlos Oliveira acredita que não vão fazer a diferença, “embora haja muita gente à espera dos 125 euros para enriquecer um bocadinho”, o que considera ser uma “ilusão”.

O motorista lamentou ainda os tempos de espera, sobretudo para quem vai abastecer com GPL, referindo que, apesar de precisar de abastecer a sua viatura pessoal, não vai deslocar-se, novamente, “para poupar uns cêntimos”.

À saída deste posto, onde atestou o carro, Maria João Santos, por seu turno, alertou que “quem é da áreas das contas, finanças e matemática sabe que aquilo que estão a dar agora [referindo-se aos apoios do Estado], vai ser tirado mais tarde”.

Apesar de acreditar que os aumentos, de forma geral, vão continuar a registar-se nas próximas semanas, Maria João Santos não espera qualquer reforço nos apoios.

“Fica por aqui, não vão dar mais nada e o que estão a dar agora, vão tirar depois”, concluiu.

No mesmo sentido, António Fernandes decidiu abastecer antes do novo aumento, reconhecendo que, apesar de saber que não vai “recuperar nada”, esta é “uma velha máxima do português”.

Este cliente, que garante estar dependente do carro para andar com os seus netos, esteve quase para deixar o posto sem abastecer, face às filas, mas referiu que o tempo de espera até foi curto.

No que concerne a possíveis soluções para estes aumentos, disse não estar dentro do tema, mas pediu ao executivo “que governe” e que “faça mais alguma coisa”, como em Espanha, onde há um desconto imediato.

“Pelos vistos, nós andamos aqui desgovernados. Poderia haver [outra solução], mesmo ao nível dos impostos indiretos”, apontou.

Em 05 de outubro, a aliança dos produtores de petróleo OPEP+, liderada pela Arábia Saudita e Rússia, decidiu, em Viena, reduzir a sua produção em dois milhões de barris por dia, o que representa o maior corte desde a pandemia.

O anúncio foi feito pelo vice-ministro do Petróleo do Irão, Amir Hossein Zamaninia, no final de uma conferência da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e dos seus 10 países produtores aliados, incluindo a Rússia, o México e o Cazaquistão.

Em Portugal continua em vigor o desconto do ISP equivalente à descida da taxa do IVA de 13% até ao final do ano, no âmbito do pacote de ajuda do Governo às famílias devido ao aumento dos preços. Além disso, a atualização da taxa de carbono vai continuar suspensa até ao final do ano.

A partir do final deste mês, os portugueses vão também receber novos apoios inseridos num pacote de medidas para travar o impacto da inflação. Entre as medidas apresentadas, encontra-se um pagamento de 125 euros para trabalhadores com um rendimento bruto até 2.700 euros mensais.

Os pensionistas que recebem menos de 5.318 euros mensais vão auferir mais meia pensão.