Na publicação ‘Sistema bancário português: desenvolvimentos recentes’, relativa ao primeiro trimestre deste ano, o Banco de Portugal diz que a rendibilidade do ativo (ROA) e a rendibilidade do capital pró prio (ROE) “aumentaram significativamente” face ao primeiro trimestre de 2022, situando-se em 1,15% (mais 0,46 pontos percentuais) e 13,9% (mais 5,4), respetivamente.

O regulador e supervisor bancário justifica a melhoria da rendibilidade sobretudo com aumento da margem financeira dos bancos, ainda que parcialmente compensada pelos aumentos das provisões e imparidades e dos custos operacionais.

No primeiro trimestre, os principais bancos apresentaram lucros elevados suportados no aumento da margem financeira pela diferença entre os juros cobrados no crédito (que aumentaram significativamente com a subida das taxas de juro pelo Banco Central Europeu) e os juros pagos nos depósitos.

O facto de os juros dos depósitos continuarem relativamente baixos tem provocado polémica e levaram o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a pedir um “esforçozinho” aos bancos para “tornar mais atraente” o pagamento dos depósitos aos portugueses.

Os dados hoje divulgados pelo Banco de Portugal relativamente atividade dos bancos indicam ainda que, no primeiro trimestre, houve uma queda dos depósitos de clientes (-2,6%).

Em resultado, houve um aumento do rácio de transformação de depósitos em créditos em 1,6 pontos percentuais para 79,9% (isto apesar de também ter havido uma redução dos empréstimos a clientes de 0,5%).

Ainda no primeiro trimestre, o ativo total do sistema bancário reduziu-se em 1,9%, o que o Banco de Portugal justifica com a redução das disponibilidades aplicadas nos bancos centrais (sobretudo depósitos), parcialmente compensada pelo aumento dos títulos de dívida.

Quanto à qualidade dos ativos, no primeiro trimestre, o rácio de empréstimos malparado bruto aumentou 0,1 pontos percentuais para 3,1%, devido à queda nos empréstimos produtivos e apenas ligeira redução do malparado.

Já o rácio de eficiência dos bancos (custos face a receitas) diminuiu 12,6 pontos percentuais (face ao mesmo trimestre de 2022) para 39,4%, com o aumento do produto bancário a superar “largamente” o aumento dos custos operacionais.

Por fim, quanto a indicadores de solidez, os rácios de fundos próprios totais e de fundos próprios principais CET 1 aumentaram 0,2 pontos percentuais para 18,4% e 15,6%, respetivamente.