O Dia de São Patrício, ou Saint Patrick's Day, é celebrado todos os anos no dia 17 de março. É dedicado ao padroeiro da Irlanda, onde hoje é feriado, mas a festa acontece um pouco por todo o mundo.

Com um passado recente marcado pela crise económica, a história da República da Irlanda e de Portugal encontrou-se em resgates financeiros, bancos falidos, desemprego e emigração.

Um artigo publicado por Stéphanie Thomson, editora do Fórum Económico Mundial, dá três motivos para os irlandeses celebrarem hoje com mais alegria. Pegámos nos dados e fomos ver se os portugueses também podem estar mais felizes esta sexta-feira.

#1. O desemprego está a diminuir

Os dados da Comissão Europeia, citada pelo Fórum Económico Mundial, mostram que entre 2013 e 2016, a taxa de desemprego na República da Irlanda caiu 5,1 pontos percentuais. Em comparação, se a Irlanda, em 2016, tinha uma taxa de desemprego na ordem dos 7%, Portugal continuava nos 11,1% — ainda assim, o valor mais baixo desde 2011.

Persiste, porém, tal como em Portugal e Espanha, países afetados pela crise, o facto da Irlanda continuar a ter um desfasamento entre a mão de obra disponível e aquilo de que precisam os empregadores.

Um relatório da agência de emprego Hays diz que a procura por mão de obra especializada cresceu ligeiramente no último ano, mesmo com o “modesto crescimento económico na região”. Para além disso, há mostras de “recuperação económica entre várias das economias mais atingidas pela crise financeira (Irlanda, Portugal e Espanha)”.

O resultado, pode ler-se, foi que algumas “disparidades nos mercados europeus de mão de obra especializada começaram a diminuir em todo o continente”.

Apesar disso, “o desemprego continua elevado" e "o crescimento da remuneração e da produtividade continuam fracos”. Adicionalmente, o relatório refere que se prevê que o número de pessoas em idade para trabalhar venha a diminuir no futuro próximo.

#2. Há menos pessoas a sair do país

Mais correto do que dizer que há menos pessoas a sair, olhando para os números, será dizer que os irlandeses estão é a regressar a casa. Pela primeira vez em sete anos, a balança de migração irlandesa ficou em equilíbrio, com os números de saídas e de entradas no país a aproximarem-se.

Tal como nós, os irlandeses têm uma grande tradição migratória, com vagas de emigrantes rumo aos Estados Unidos (imortalizadas, há 20 anos, no filme “Titanic”). Mas se saldo migratório português continuam abaixo da linha vermelha, na Irlanda isso não acontece.

Os dados do gabinete de estatísticas irlandês mostram que, depois um longo período com valores negativos, a diferença entre quem saiu e quem chegou à “ilha esmeralda”, até abril de 2016, voltou ao terreno positivo, com 3.100 pessoas a chegar ao país. No período homólogo de 2015, o valor (entradas menos saídas de pessoas) cifrava-se nas 11.600 a sair do país.

Portugal ainda não pode sorrir. A calculadora em tempo real da Pordata mostra que, até à hora em que escrevemos este texto, houve mais 16 pessoas a sair do que aquelas que entraram no nosso país.

Mas se olharmos para as mesmas datas que na Irlanda, a situação também não melhora: em 2015, saíram mais 10.500 pessoas do que aquelas que entraram no nosso país (menos 1.100 que as que saíram da Irlanda); em 2012 esse número ficou nos -37.300 (ou seja, mais 2.900 pessoas que o valor registado na Irlanda no mesmo ano).

No lado positivo, em 2007 a Irlanda tinha uma diferença positiva entre chegadas e partidas a rondar as 100 mil pessoas. Mais modesto, Portugal ficou-se pelas 21.800 pessoas.

#3. Os valores do PIB parecem animadores

A Comissão Europeia prevê o crescimento da economia de todos os Estados-Membros em 2016, 2017 e 2018. É a primeira vez desde 2008 que isso acontece, sublinhando que isso irá acontecer “mesmo àqueles Estados-Membros mais atingidos durante a recessão”.

No grupo dos mais afetados, a Irlanda tem perspetivas animadoras. As previsões apontam para um crescimento de 3,4% em 2017 e 3,3% no ano a seguir. Sensivelmente a meio do caminho, o produto interno bruto português pode crescer 1,6% este ano e 1,5% em 2018.