"Num cenário central não perspetivo o aumento das imparidades em particular", disse Miguel Maya na conferência de imprensa de apresentação das contas do BCP do primeiro trimestre deste ano (lucros de 112,9 milhões de euros).

Segundo Miguel Maya, na concessão de crédito o banco já perspetiva o esforço dos clientes face a um cenário de aumento considerável das taxas de juro, pelo que não espera que as perdas com créditos sejam de alguma dimensão preocupante.

Para isso, disse o gestor, é fundamental a situação do emprego, que a economia continue a gerar empregos, pois aí -- sim -- seria um problema grave adicional.

"Se a situação de emprego se agravasse -- o que não parece ser o caso -- poderíamos ter um problema adicional, felizmente não há", afirmou.

De acordo com Miguel Maya, um nível de inflação de cerca de 2% é positivo para economia (e, logo, para o sistema bancário) e a questão agora é "qual o tempo que irá demorar a inflação a ir para um patamar próximo de 2%", considerando que para isso será fundamental a evolução do conflito na Ucrânia.

Quanto à normalização da política monetária pelo Banco Central Europeu (com destaque para subida das taxas de juro diretoras), o presidente executivo do BCP disse que acredita que essa "normalização não vai ser muito agressiva" mais a um "ritmo adequado", considerando que o pior que pode acontecer é uma política monetária que fragmente a zona euro.

O BCP teve lucros de 112,9 milhões de euros no primeiro trimestre, quase o dobro do mesmo período do ano passado, divulgou hoje em comunicado ao mercado.

Segundo o banco, os lucros foram negativamente influenciados pelos encargos com os créditos em francos suíços da operação na Polónia, referindo que sem esses custos o resultado líquido teria sido de 174,6 milhões de euros entre janeiro e março.

Apenas em Portugal, o BCP obteve lucros de 107,6 milhões de euros, mais 29% face ao primeiro trimestre de 2021 ajudado pelo aumento do produto bancário e pelos cortes de custos (incluindo com trabalhadores).

IM // CSJ

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