No boletim económico de maio, apresentado hoje pelo governador do BdP, Mário Centeno, o regulador destaca que uma análise que se debruça sobre a inflação total observada nas variações de preços dos itens elementares classificados por grau de volatilidade histórica dos respetivos preços "aponta para que as pressões ascendentes estejam a transmitir-se aos preços das componentes tipicamente mais estáveis".

O BdP explica que a subida da inflação no período recente é explicada em larga medida pelo quartil de maior volatilidade, ainda que a variação homóloga média dos preços nos quartis de menor volatilidade também aumentou no final de 2021 e início de 2022.

"Estes quartis incluem, por exemplo, alguns serviços de educação e saúde, as rendas e os restaurantes e cafés. A variação homóloga dos preços no período 2016-2020 manteve-se próxima da média de 1,5% para o primeiro quartil de volatilidade e em 1,1% para o segundo quartil, mas aumentou para 2,9% e 5,2%, respetivamente, em março de 2022", refere.

A entidade liderada por Mário Centeno recorda que uma comparação com a zona euro das medidas apresentadas aponta para uma tendência ascendente da inflação similar à observada em Portugal.

O regulador explica ainda que as pressões externas sobre os preços dos bens em Portugal aumentaram ao longo de 2021 e as pressões internas sobre os preços mantiveram-se contidas.

A análise dos economistas do BdP assinala que a taxa de inflação cresceu ao longo do ano passando, passando de valores em torno de 0% nos meses iniciais de 2021 para 2,8% em dezembro.

Esta aceleração verificou-se em todos os principais agregados, destacando-se o contributo dos bens energéticos e dos serviços.

O BdP destaca que as pressões externas sobre os preços dos bens aumentaram ao longo de 2021, refletindo-se na forte e generalizada subida dos preços da energia e das matérias-primas internacionais, destacando-se o petróleo e o gás natural, e o impacto das disrupções nas cadeias de distribuição global sobre os preços de diversos bens e os custos de transporte.

Deste modo, a taxa de variação homóloga do deflator das importações portuguesas de bens aumentou de -4,4% para 15,5% entre o quarto trimestre de 2020 e o quarto trimestre de 2021.

"Esta evolução teve reflexo nos preços na produção industrial, que aumentaram de forma generalizada, salientando-se a subida nos bens energéticos e intermédios. A transmissão aos preços nos consumidores foi visível na componente energética, mas também nos preços dos bens industriais não energéticos", indica.

O supervisor sublinha ainda que a reabertura gradual dos setores relacionados com o turismo na segunda metade do ano contribuiu para o aumento dos preços dos serviços.

Por outro lado, sublinha que as pressões internas sobre os preços se mantiveram contidas, com as remunerações por trabalhador a aceleraram em 2021, para 3,5% (2,0% em 2020), um ritmo de crescimento inferior ao observado antes da pandemia.

AAT // MSF

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