De acordo com o Indicador de Clima Económico, com dados do inquérito à conjuntura aos agentes económicos, divulgado hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) cabo-verdiano, num momento de crise provocada pela pandemia de covid-19 e ainda com reduzida retoma da procura turística, a perspetiva continua a ser favorável.

"O ritmo de crescimento económico continuou a acelerar no 4.º trimestre de 2021, o indicador registou o valor mais alto dos últimos sete trimestres consecutivos [21 meses], evidenciando que o clima de negócios é favorável", lê-se no relatório.

Este indicador, que tinha fechado o último trimestre de 2020 em quase 15 pontos negativos (o valor mais baixo em mais de cinco anos), melhorou ligeiramente ao longo de 2021, deixando de estar em terreno negativo desde o terceiro trimestre, pela primeira vez desde o início de 2020, antes da pandemia de covid-19.

Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

O Governo cabo-verdiano previa anteriormente um crescimento económico entre 6,5 e 7,5% do PIB em 2021, impulsionada pela retoma da procura turística, tendo admitido em janeiro um cenário de 7,2% de crescimento, mantendo-se a previsão de 6% em 2022, e após a recessão histórica de 14,8% em 2020.

Sobre o setor do turismo, o indicador de confiança do INE constatou que de outubro a dezembro "contrariou a tendência ascendente dos últimos trimestres, evoluindo positivamente face ao trimestre homólogo, indicando desta forma que a conjuntura no setor não é favorável nem desfavorável".

"Os empresários apontaram as dificuldades financeiras e a insuficiência da procura como sendo os principais obstáculos do setor nesse trimestre", refere o INE.

Já no comércio em estabelecimento, o indiciador de confiança "manteve a tendência ascendente" dos últimos trimestres e apresenta uma conjuntura igualmente favorável, apesar da "rutura de 'stock'" e dos "preços de venda demasiado elevados".

O setor dos transportes e serviços auxiliares também é analisado neste indicador, com o INE a concluir que no quarto trimestre "inverteu a tendência ascendente do último trimestre, mas evoluiu positivamente face ao trimestre homólogo".

"A conjuntura no setor não é favorável nem desfavorável. De acordo com os empresários, outros fatores (relacionados com a covid-19) e a insuficiência da procura, foram os principais constrangimentos do setor no decorrer do 4.º trimestre de 2021", aponta-se no estudo.

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