Com neve e frio, a carrinha fretada pela embaixada portuguesa, com os nove jornalistas e duas cidadãs ucranianas, iniciou a longa viagem pelas 09:00 (07:00 em Lisboa) deixando para trás a capital Kiev, praticamente abandonada, rumo ao sul do país até à fronteira com a Moldova, para percorrer aquela que é considerada uma das rotas mais seguras para abandonar a Ucrânia, invadida pela Rússia na madrugada da passada quinta-feira.

O caminho até chegar à fronteira com a Moldova vai ser longo, os carros andam devagar devido ao tráfego intenso, pelo facto de tantas pessoas quererem fugir de Kiev, nomeadamente mulheres e crianças, na esperança de encontrarem um lugar seguro.

O exército ucraniano estabeleceu vários postos de controlo, tanto em estradas principais como secundárias, para confirmar os documentos dos viajantes, um procedimento que gera grandes engarrafamentos, com filas de carros de vários quilómetros e atrasos de muitas horas.

Também nos postos de combustível, que já começa a escassear, se demora várias horas até abastecer os veículos.

Ao longo de todo o percurso veem-se muitos soldados e civis com braçadeiras amarelas, símbolo adotado pelo exército ucraniano, que já disse ter detetado cidadãos russos infiltrados.

Depois de se abandonar Kiev avistam-se, a espaços, pequenas povoações e vislumbram-se enormes campos de cultivos e muitas árvores. Aí os mais atentos detetam, por vezes, alguns soldados ucranianos escondidos, mas em prontidão.

Além dos postos de controlo os militares ucranianos construíram, em pontos estratégicos, várias barricadas, com blocos de cimento e sacos brancos cheios de areia.

Em Vascilina, a carrinha da embaixada, que está identificada com a bandeira portuguesa, parou para se abastecer de combustível e nessa altura ouviu-se mais uma sirene de aviso de ataque aéreo.

Nessa estação de serviço, estavam vários soldados ucranianos e alguns civis visivelmente nervosos e, constatou a agência Lusa, até com uma abordagem agressiva e sempre com o dedo no gatilho.

Pelas janelas da carrinha da embaixada veem-se várias famílias a despedirem-se de jovens fardados que, certamente, vão a caminho da linha da frente juntar-se ao exército, já que foi instaurada a lei marcial e apenas as mulheres e as crianças têm autorização para sair e procurar refúgio em países vizinhos.

Os últimos dados da ONU apontam para mais de 100 mil deslocados e mais de 660 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia que fugiram da ofensiva militar na Ucrânia que, segundo Kiev, já matou mais de 350 civis, incluindo crianças.

PCR/CC // PAL

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