"O ex-dirigente terá recebido vantagens, nomeadamente avultadas quantias e bens imóveis, e terá abusado do seu poder no período de exercício das suas funções, tendo praticado atos ilícitos no processo de apreciação e aprovação dos projetos de construção apresentados pelos empresários envolvidos", indicou o CCAC, em comunicado, sem identificar o antigo responsável.

Um procedimento adotado "mesmo sabendo que alguns projetos de construção em curso violavam as instruções administrativas ou os respetivos procedimentos da DSSOPT [Direção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes]", acrescentou.

O antigo diretor de serviços "terá recebido através de familiares e amigos seus, por meios sinuosos, vantagens, nomeadamente avultadas quantias e bens imóveis, dos empresários", referiu.

A mesma nota explica que o "ex-dirigente é suspeito da prática dos crimes de corrupção passiva para ato ilícito e de branqueamento de capitais", enquanto "os empresários e os indivíduos envolvidos terão praticado os crimes de corrupção ativa e de branqueamento de capitais", sem especificar um número exato de pessoas envolvidas.

O organismo anticorrupção sublinhou que "para fugir à investigação, o ex-dirigente e os seus familiares ter-se-ão refugiado no exterior há já muito tempo, não tendo ainda regressado a Macau até à presente data" e que "os vários bens imóveis do ex-dirigente e respetivos familiares já foram apreendidos anteriormente pelas autoridades competentes".

De acordo com a Rádio Macau, que cita o canal chinês da mesma estação TDM, trata-se do antigo diretor da DSSOPT Jaime Carion, que se reformou em 2014.

Em dezembro último, o Ministério Público deteve preventivamente por suspeita de corrupção, branqueamento de capitais e falsificação de documentos um antigo diretor da DSSOPT.

Além do antigo diretor, ficaram também detidos preventivamente mais dois arguidos. A outros cinco arguidos foram aplicadas as medidas de coação "de apresentação periódica" e "de proibição de ausência", acrescentou.

Nem o CCAC, nem o Ministério Público identificaram o antigo diretor nos seus comunicados, mas o canal de rádio em língua chinesa da emissora pública TDM disse, citando as autoridades, tratar-se de Li Canfeng, que ocupou o cargo entre 2014 e 2019.

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